Decorre esta segunda e terça-feira (11/12.06.), em Berlim, a conferência “G20 Parceria Africana”. Um ponto controverso nas relações África – União Europeia são os Acordos de Parceria Económica. Show
A conferência do G20 sobre África, subordinado ao tema "Investir num futuro comum", pode ser uma oportunidade para abrir portas na cooperação África - Europa. É a opinião de Gyekye Tanoh, da Rede de Comércio Africano, uma organização não-governamental do Gana. Ainda segundo ele, "a iniciativa do Governo alemão, com a conferência do G20 para África, mostra que há novas abordagens a ser analisadas. Nunca se sabe que oportunidades podem surgir e que mais tarde possam levar a algo mais sustentável, igualitário e democrático para todos.” Parcerias vantajosas para quem? Um ponto de discussão entre os dois continentes são os chamados Acordos de Parceria Económica. O objetivo é a União Europeia abrir os mercados aos produtos provenientes de África. Em troca, os países africanos abrem portas aos bens europeus. Mas Gyekye Tanoh, da organização Rede de Comércio Africano, teme que as importações de produtos baratos europeus prejudiquem as economias africanas. Segundo Tanoh "não é possível ter igualdade entre forças desiguais. Senão, está-se simplesmente a reproduzir essa desigualdade. Portanto, a intenção de ter comércio livre entre a União Europeia e diferentes regiões africanas vai contra as capacidades e interesses das regiões mais fracas, que são regiões africanas.” De acordo com um estudo da Comissão Económica das Nações Unidas para África, os países da África Oriental podem perder mais de um milhão de dólares com a entrada de produtos europeus sem impostos, ao abrigo dos Acordos de Parceria Económica. UE quer terminar acordo com África Oriental Por isso, países como a Tanzânia já disseram não. Como consequência, a União Europeia pretende cancelar o acordo com os restantes países da região da África Oriental, nomeadamente Burundi, Quénia, Ruanda e Uganda, além da Tanzânia. Mesmo assim, Remco Vahl, da direção de Comércio da União Europeia não fala em fracasso: "Por um lado, não é o ideal, porque pensei que tínhamos um acordo com os cinco países. Mas, por outro lado, é perfeitamente legítimo. Este acordo foi concebido para ser regional. Se a região, no seu todo, não está preparada para avançar neste ponto, nós respeitamos totalmente.” Outros países, como os Camarões, Ruanda e Quénia, vêem os Acordos de Parceria Económica com a União Europeia como uma oportunidade. Vimal Shah, presidente do conglomerado queniano Bitco, considera que os Acordos podem trazer prosperidade, mas há que salvaguardar África das importações baratas da Europa: "Temos de nos tornar competitivos, a nível das nossas infraestrutura, rotas para os mercados e necessidades logísticas. Para que isso aconteça, é preciso muito mais comércio e que esse comércio seja nos dois sentidos. Se exportarmos tudo através do porto de Mombaa e não importarmos nada, teremos um grande problema.”
Como eram as relações comerciais dentro do continente africano?Existe uma ideia muito difundida de que os africanos eram povos muito pobres e necessitados antes da chegada europeia ao continente. Com a abertura comercial, que se seguiu a este encontro, os africanos teriam sido forçados a vender o único bem de valor que eles tinham para os europeus, seus próprios irmãos.
Quais as principais características da economia África?A economia da África é pautada pela exploração de recursos naturais, como petróleo, gás e minérios como o ouro e diamantes. O continente, contudo, é o mais pobre do mundo, resultado da exploração colonial e neocolonialista.
Como foram estabelecidas as relações comerciais da África com os outros continentes?A integração comercial da África com o capitalismo intensificou-se, sobretudo, a partir do século XVIII. A integração comercial da África com os demais continentes do mundo ampliou-se a partir do século XV, com as grandes navegações portuguesas, que passaram a explorar economicamente a costa do continente.
Que fatores estão relacionados ao crescimento econômico da África?O que explica essa aceleração? Segundo Luis Padilla, analista para a África da OCDE, “cinco fatores foram decisivos: a forte demanda dos países emergentes por matérias-primas, o boom demográfico, uma classe média em ascensão, um mercado interno mais dinâmico e um crescente investimento estrangeiro”.
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