Caso anderson marido da flor de lis

A Justiça do Rio de Janeiro iniciou, nesta terça-feira (11), julgamento de júri popular de cinco acusados de participar da morte do pastor Anderson do Carmo, morto a tiros por ordem da ex-deputada Flordelis, em 2019. Durante depoimento, o também pastor Carlos Ubiraci, um dos filhos do casal, negou envolvimento com o crime e revelou, pela primeira vez, que “acredita, sim” que a ex-parlamentar participou diretamente do assassinato.

“Acredito que ela tem participação, sim”  resumiu. Em seguida, afirmou que temia o fato da mãe seguir solta e que a perda do mandato foi determinante para sua nova postura.

Ubiraci é réu por homicídio triplamente qualificado e por tentativa de homicídio duplamente qualificada, por conta de episódios em que teria envenenado a comida de Anderson, além de ser acusado de fazer parte de uma associação criminosa que articulou a morte do pastor. O irmão, André Luiz, é outro suspeito de ajudar no planejamento da morte e responde por uso de documento falso e associação criminosa armada. A audiência de André foi remarcada depois que seu advogado passou mal.

Por se tratar de muitos réus, as sessões serão separadas. Na terça foi iniciado o julgamento Adriano dos Santos Rodrigues, filho biológico, André Luiz de Oliveira e Carlos Ubiraci Francisco da Silva, filhos afetivos, além de um PM e sua esposa envolvidos no caso. Flordelis está detida desde agosto de 2021 no Complexo de Gericinó, Bangu, no Rio de Janeiro, e não estará presente. A pastora será levada a júri em 9 de maio junto de duas filhas e uma neta.

A sessão foi presidida pela juíza Nearis dos Santos Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói. O júri decidirá a acusação ou absolvição dos réus pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio, uso de documento falso, associação criminosa armada e falsidade ideológica.

Segundo denúncia do Ministério Público, o filho biológico Adriano dos Santos Rodrigues teria sido responsável por ajudar a escrever carta falsa em que o irmão Lucas Cézar dos Santos de Souza assumiu a autoria dos disparos. Ele responde por uso de documento falso e associação criminosa armada.

Já o ex-policial militar Marcos Siqueira Costa e a esposa Andrea Santos Maia são apontados por envolvimento na carta falsa. Além disso, Marcos revelou que Mizael, outro filho adotivo de Flordelis, teria oferecido a ele um emprego e um carro em troca de dar um “susto” em Anderson do Carmo. O casal também responde por uso de documento falso e associação criminosa armada.

Os filhos Flávio dos Santos e Lucas Cézar dos Santos foram condenados em novembro do ano passado pelo envolvimento na morte de Aderson do Carmos.

Autoria

Caso anderson marido da flor de lis

Melissa Fernandez Estagiária. Graduanda em Jornalismo pelo IESB, fez estágio no Poder 360, no Banco do Brasil e na assessoria de comunicação Mídia e Conexão.

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O assassinato do pastor Anderson do Carmo completa dois anos nesta quarta-feira (16). Ele foi morto com mais de 30 tiros na garagem da casa em que morava com a pastora e deputada federal Flordelis (PSD-RJ) e mais 55 filhos no município de Niterói, na região metropolitana do Rio. A parlamentar é apontada como mandante do crime. 

Em dois anos, a investigação, liderada pela Delegacia de Homicídio de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, expôs uma trama familiar repleta de briga, traição, abuso sexual e tentativa de homicídio no núcleo familiar de Flordelis.

Ao todo, sete filhos do casal, três afetivos, um adotivo e três biológicos estão presos pelo crime, assim como uma neta da deputada.

Flordelis é a única acusada que não está presa devido à imunidade parlamentar. Além da pastora, seus filhos e neta, também são réus um ex-policial ligado à família e sua esposa. Todos já foram pronunciados pela Justiça e irão a júri popular.

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Mais restrição

Em abril deste ano, a justiça suspendeu a autorização concedida à Flordelis para que ela pudesse circular entre 23h e 6h do dia seguinte, excepcionalmente para atividades relacionadas ao exercícios do mandato parlamentar. A Justiça informou que a deputada infringiu várias regras da concessão dada a ela.

 Além do uso da tornozeleira eletrônica, a deputada tem que permanecer em recolhimento domiciliar noturno no horário estipulado, agora sem exceção.

A decisão baseou-se em relatórios de acompanhamento da parlamentar que apontaram várias violações das medidas cautelares. Em uma das ocasiões, o equipamento chegou a ficar 17 horas desligado.

Mandato em risco

No início do mês, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Federal aprovou a cassação do mandato de Flordelis.

O placar da votação foi de 16 votos a um, com divergência do deputado Márcio Labre (PSL-RJ). Para o relator, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), a morte foi resultado de uma disputa de poder entre Flordelis e Anderson. O pastor seria o "514º parlamentar" da Câmara, que possui 513 cadeiras.

Segundo Leite, no ano seguinte à morte de Anderson, Flordelis apresentou quase dez vezes menos propostas que no ano anterior, o que confirma a tese de que o pastor atuava em conjunto com a deputada nas proposições do Legislativo. 

O caso segue para o Plenário da Câmara dos Deputados e precisa de 257 para que Flordelis perca definitivamente o mandato parlamentar. A Casa tem até 90 dias para votar a cassação, aprovando ou rejeitando a decisão do Conselho de Ética.

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O presidente do Partido Social Democrático (PSD), Gilberto Kassab, anunciou neste mês que dará prosseguimento ao processo de expulsão do partido da deputada federal se a Câmara dos Deputados cassar o mandato da parlamentar.

No último domingo (13), em uma publicação em sua rede social, Flordelis afirmou a sua inocência e disse que tirar a vida de Anderson não traria nenhum benefício.

“Nem se eu perder o meu mandato, ou for presa injustamente, podem me tirar tudo, podem manchar o meu nome, mas eu sei quem eu sou, sei o que fiz e sei que o único julgamento que realmente me importa é o julgamento de Deus, e para ele estou sempre pronta, pois minha consciência está tranquila e o meu coração em paz”, diz um trecho da publicação.

A pastora deve ir a júri popular por homicídio triplamente qualificado; associação criminosa, falsidade ideológica e uso de documento falso. A parlamentar é acusada também pelas tentativas anteriores de homicídio a Anderson, por envenenamento e emboscada.
 

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Jaqueline Deister


Como Anderson morreu?

Em novembro de 2021, outros dois filhos da ex-deputada federal foram condenados pela morte do pastor Anderson do Carmo no Tribunal de Júri de Niterói. Flávio Santos, filho biológico de Flordelis, é acusado de ser o autor dos disparos de arma de fogo.

Quem é o pastor Anderson?

O pastor Anderson do Carmo é morto na madrugada de 16 de junho de 2019, atingido por mais de 30 tiros na garagem da casa onde morava com a deputada Flordelis e os filhos. Horas depois do crime, Flordelis diz que se trata de uma tentativa de assalto.

Como foi o julgamento do filho da Flordelis?

Após 21 horas de julgamento, o Tribunal do Júri de Niterói absolveu nesta quarta-feira (13) Carlos Ubiraci Francisco da Silva , filho afetivo de Flordelis, pela morte do pastor Anderson do Carmo. Carlos respondia por homicídio triplamente qualificado.

O que aconteceu com os filhos da Flordelis?

Em novembro de 2021, Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico de Flordelis acusado de disparar os tiros que mataram Anderson, foi condenado a 33 anos e dois meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, porte ilegal de arma, uso de documento falso e associação criminosa armada.