Por que os fenicios se tornaram navegadores?

O que os fenícios, uma civilização de navegadores e comerciantes, inventaram entre 3.600 aC e 400 aC, tem sido de grande valor para a humanidade. Instalados em áreas como Líbano, Síria, Israel e Palestina, eles deram grandes contribuições na escrita, no desenvolvimento do comércio e também no mundo dos seguros.

Por que os fenicios se tornaram navegadores?

Entre as contribuições mais destacadas dos fenícios, vale a pena mencionar o seguinte.

O que os fenícios inventaram?: Escrita e literatura

Existe uma importante controvérsia sobre a origem da escrita. No entanto, deve-se levar em consideração o papel dos fenícios em seu desenvolvimento, que criaram um alfabeto composto por 24 signos. Para um povo de mercadores como os fenícios, ter um alfabeto e um sistema de escrita era uma ferramenta muito útil para administrar seus negócios.

Além disso, o sistema criado pelos fenícios, fácil de usar, transcendeu além das terras fenícias, sendo utilizado por outros povos. Na verdade, civilizações tão importantes como a Grécia Antiga adotaram o alfabeto fenício e o aprimoraram.

Não devemos esquecer que os fenícios acabariam coletando um material literário muito diverso onde se encontram dicionários, textos científicos, cartas de navegação e leis.

O que os fenícios inventaram?: Contribuições para a economia

Os fenícios eram a grande potência comercial de sua época, lidando com todos os tipos de matérias-primas e joias. Da mesma forma, deram um impulso notável ao desenvolvimento da produção têxtil, metal, cerâmica e vidro.

Por possuírem quantidades abundantes de madeira, se destacaram em áreas como a carpintaria, destacando-se principalmente na fabricação de navios que seriam tomados como modelos no desenvolvimento de navios.

Graças à introdução da moeda, e também ao importante volume de trocas comerciais que realizaram, os fenícios puderam se expandir não só no Mediterrâneo, mas além dele. Precisamente, a introdução da moeda permitiu que ela fosse aceita como meio de pagamento e que as demais civilizações a aceitassem, abandonando assim a troca como sistema de troca.

A civilização fenícia seria enquadrada no que é conhecido como talassocracia ou poder baseado no comércio marítimo.

Diante disso, os fenícios tornaram-se não apenas excelentes construtores navais, mas também magníficos navegadores, trazendo aprimoramentos às técnicas de navegação. Ao contrário de outras civilizações, como um povo de navegadores, eles não buscavam a ocupação de grandes extensões de terra.

O que os fenícios inventaram?: Seguro

Embora os chineses já recorressem ao seguro como mecanismo de proteção contra possíveis inundações e inundações, os fenícios também se destacariam nesta área. Como um povo de marinheiros e mercadores, eles foram expostos a grandes perdas em suas rotas de comércio marítimo. Portanto, eles tiveram que se proteger contra os riscos representados pelas viagens marítimas.

Assim, os fenícios acabariam introduzindo o que hoje se chama de prêmio de seguro. Para isso, bastava fazer um adiantamento para proteger um navio e seu conteúdo. Chegaram a fazer avaliações para determinar o valor da mercadoria transportada antes de iniciar a viagem e proceder ao pagamento do prêmio.

O que os fenícios inventaram?: Sistema político

Embora o poder dos fenícios se baseasse na superioridade marítima, eles também recorreram à organização política e à tomada de decisões por meio de assembléias e conselhos.

Para tanto, ao se deparar com questões de grande importância, o debate foi utilizado como meio de troca de ideias. Isso, até que, finalmente, eles chegaram a um acordo e uma determinação foi feita.

Não há dúvida de que uma das primeiras raízes da democracia está neste sistema de assembléias.

Prof. Douglas Barraqui

Rotas comerciais dos fenícios

a)    Localização geográfica:

ü  Ocupavam uma estreita faixa de terra situada entre o litoral do mar Mediterrâneo e as montanhas do atual Líbano.

ü  Parte desse território era muito fértil, o que permitia à população explorar a cultura de trigo e de oliveiras, e extrair madeiras nobres, como o cedro.

ü  A outra parte do território era muito quente e árida, com períodos de seca que duravam praticamente o ano inteiro.

ü  Uma cadeia de altas montanhas impedia os fenícios de adentrar o continente; por isso, eles voltaram suas atividades para o mar, pois:

·         Havia abundância do cedro, considerada uma excelente madeira para a construção de navios,

·         A existência de bons portos naturais favoreceram o comércio marítimo.

b)   Origem:

ü  Povo Semita - Grupo étnico e linguístico que se originou na Ásia ocidental e que compreende vários povos, como árabes e hebreus.

ü  O nome fenícios - A palavra phoinikés (púnico), usada para designar os fenícios, deriva de phóinix, que significa “roxo, púrpura”. A tinta púrpura utilizada pelos fenícios para tingir tecidos, um dos principais produtos comerciais desse povo, era extraída da glândula de um molusco marinho chamado múrice. Para obter meio litro de tinta, eram necessários mais de 60 mil múrices. Pois, de cada molusco, só se extraíam algumas gotas de tinta.

c)    Aspectos políticos:

ü  O isolamento geográfico dos fenícios dificultou a formação de um Estado unificado.

ü  Cidades desenvolveram-se de modo independente. As principais cidades portuárias foram Biblos, Sídon, Tiro e Ugarit.

ü  Cada uma das cidades-Estado tinha o próprio rei, que era auxiliado por uma assembleia composta, em geral, de ricos comerciantes. Os sacerdotes também participavam das decisões políticas.

d)   Aspectos sociais:

ü  Abaixo do rei, dos ricos comerciantes (geralmente o governo das cidades fenícias ficava nas mãos dos grandes comerciantes, chamados de sufetas. e dos sacerdotes, estavam os trabalhadores livres (artesãos, camponeses, marinheiros, pequenos comerciantes) e os escravos, prisioneiros provindos das disputas com outros povos ou entre as cidades-Estado fenícias.

e)    Aspectos econômicos:

ü  As montanhas do território fenício possuíam madeira de excelente qualidade – como o cedro, o cipreste e o pinho –, utilizada para a construção de embarcações e outros artefatos.

ü  A construção naval viabilizou a prática comercial das cidades-Estado da Fenícia com outros povos.

ü  Foram também grandes artesãos: produziam tecidos, joias, perfumes, vidro, cerâmica decorada, armas e objetos de marfim

ü  As navegações - fizeram dos fenícios excelentes comerciantes e lhes possibilitaram entrar em contato com diversos povos de sua época. Os fenícios eram temidos pelos gregos por suas atividades de pirataria. Na Antiguidade, era comum os marinheiros das embarcações mercantes atacarem outros navios para roubar seus produtos ou para capturar os tripulantes e vendê-los como escravos.

ü  As colônias fenícias - A navegação avançada permitiu aos fenícios cruzar o mar Mediterrâneo e chegar ao oceano Atlântico. Fundaram colônias na costa da África, na Espanha, na Sicília e na Sardenha, que serviam como grandes depósitos e eram voltadas para o comércio e a troca de mercadorias. Nesses locais, eles adquiriam ouro, prata, estanho, cereais e também escravos. Alguns desses lugares tornaram-se verdadeiros centros comerciais da época, como Trípoli e Cartago.

ü  Cartago - provavelmente a cidade-estado que mais se destacou na Fenícia, importante entreposto comercial, tornou-se independente em 650 a.C., virando uma república.

f)     Aspectos culturais:

Religião

ü  Eram politeístas (acreditavam em várias divindades) e seus deuses eram celestes e terrestres.

ü  Antropomórfica, pois eles atribuíam características ou aspectos humanos às suas divindades.

ü  Por meio das atividades comerciais e do contato com diferentes povos, a religião fenícia sofreu influência dos mitos caldeus e egípcios.

·         A influência egípcia levou os fenícios a acreditar na vida após a morte e a mumificar pessoas politicamente importantes.

ü  Adoradores de divindades relacionadas à natureza. Eles acreditavam que os deuses eram responsáveis pela fecundidade do solo e pela abundância de alimentos nas colheitas.

ü  Sacrifícios de animais e pessoas (crianças primogênitas) que realizava para homenagear os deuses Baal, Astartéia, Dagon, Ayan e Anat que geralmente eram feitos ao ar livre.

Embarcações fenícias

Os navios destinados à prática comercial tinham a imagem da cabeça de um cavalo na proa e um casco arredondado que aumentava o espaço interno, possibilitando maior volume de carga. Já os birremes – navios de guerra utilizados para afugentar piratas e não para conquistar territórios – possuíam um aríete e eram longos e estreitos, com duas fileiras de remadores para aumentar sua velocidade, combinadas com o uso de velas. Esses modelos de embarcações foram depois utilizados pelos gregos e adaptados pelos romanos, especialmente durante as Guerras Púnicas (264 a.C.-146 a.C.).

Alfabeto Fenício

A atividade comercial colocou os fenícios em contato com povos do Oriente e do Ocidente. Nesse contato, demonstraram-se capazes de adaptar experiências de outros povos para criar expressões próprias, o que lhes permitiu desenvolver um alfabeto com 22 letras com base na escrita cuneiforme dos sumérios e nos hieróglifos dos egípcios. Cada caractere representava o som de uma consoante. O alfabeto fenício começou a ser difundido a partir do ano 1000 a.C. e foi o precursor dos sistemas alfabéticos modernos. Ele foi adaptado pelos gregos, que acrescentaram as vogais.

Matemática e astronomia

A atividade comercial também possibilitou o desenvolvimento da matemática e da astronomia, conhecimentos que os auxiliavam na:

  • Administração da produção agrícola
  • Navegação - Como eram excelentes navegadores, os fenícios observavam o movimento das estrelas, as migrações das aves, as correntes marítimas e os ventos e utilizavam esses fenômenos como meios de orientação em suas viagens.
  • Estabelecimento das rotas marítimas.  

Decadência

Por volta do século VIII a.C., o enfraquecimento das cidades-Estado fenícias possibilitou que diferentes povos conquistassem o território sucessivamente. Como a Fenícia estava localizada em uma região de passagem entre a Ásia e o Egito, todos os grandes impérios da Antiguidade, formados nas proximidades do mar Mediterrâneo, apoderaram-se do território fenício. Foi o caso dos impérios egípcio, assírio, caldeu, macedônico e romano.

REFERÊNCIAS:

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CAPELLARI, Marcos Alexandre; NOGUEIRA, Fausto Henrique Gomes. História: ser protagonista - Volume único. Ensino Médio. 1ª Ed. São Paulo: SM. 2010.

COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume Único. Ensino Médio. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva 2005.

MOZER, Sônia & TELLES, Vera. Descobrindo a História. São Paulo: Ed. Ática, 2002.

PILETTI, Nelson & PILETTI, Claudico. História & Vida Integrada. São Paulo: Ed. Ática, 2002.

Projeto Araribá: História – 6° ano. /Obra coletiva/ São Paulo: Editora Moderna, 2010. Editora Responsável: Maria Raquel Apolinário Melani.

Uno: Sistema de Ensino – História – 6° ano. São Paulo: Grupo Santillana, 2011. Editor Responsável: Angélica Pizzutto Pozzani.

VICENTINO, Cláudio. Viver a História: Ensino Fundamental. São Paulo: Ed. Scipione, 2002.


Por que os fenícios se tornaram grandes navegadores?

Em razão dos negócios comerciais, os fenícios desenvolveram técnicas de navegação marítima, tornando-se os maiores navegadores de Antiguidade. Desse modo, comerciavam com grande número de povos e em vários lugares do Mediterrâneo, guardando em segredo as rotas marítimas que descobriam.

Quais os motivos que levaram os fenícios a se tornarem navegadores e comerciantes?

Eles produziam suas próprias coisas para vender, como armas, jóias e tecidos. E também importavam produtos de várias regiões. Assim, para comercializar seus produtos com outros povos, os fenícios criaram meios de navegação marítima, tornando se os maiores navegadores da Antiguidade.

O que permitiu que eles se tornassem grandes navegadores?

As Grandes Navegações iniciaram-se no século XV e estenderam-se ao longo do século seguinte, com progressiva exploração do oceano. Essas navegações marítimas só foram possíveis porque, no século XV, havia um acúmulo de conhecimento náutico e novas tecnologias haviam aprimorado o ofício da navegação.