Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

Indicadores demográficos e evolução da estrutura etária

Perceber a evolução demográfica do passado é fundamental para entender como esta evoluirá no futuro e, tanto quanto possível, adotar medidas em prol do bem estar da sociedade.  Estima-se que a população mundial deverá atingir os 9,7 mil milhões de habitantes em 2050 e deverá ainda ter uma longevidade maior, no entanto, os contrastes a nível demográfico entre os países ou continentes mater-se-ão, bem como a pressão sobre os recursos naturais. A ciência que se ocupa deste estudo é a Demografia[Conceito] A Demografia é a ciência que estuda, através de dados estatísticos, a população humana, mais especificamente a sua evolução no tempo, distribuição no espaço, quantidade, composição por géneros e características socioeconómicas..

As principais fontes de informação dos estudos demográficos são os censos[Demografia] Operação administrativa que consiste em determinar o número dos habitantes de um país, de uma cidade, com discriminação de sexo, nacionalidade, profissão, e à recolha de informação relativa às condições gerais de vida., também designados de recenseamentos (recenseamento geral da população), que se baseiam num vasto número de indicadores demográficos. Estes são realizados, regra geral, de 10 em 10 anos. Em Portugal, o responsável pela realização dos inquéritos e posterior recolha da informação  sobre a população é o Instituto Nacional de Estatística (INE). A demografia utiliza ainda outras fontes de informação como o registo civil ou o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

A informação recolhida permite avaliar as desigualdades a nível demográfico e socioeconómico de um país e canalizar investimentos para os setores mais cadenciados. Assim, são fundamentais para:

– A definição de objetivos e prioridades para as políticas globais de desenvolvimento;

por exemplo: Como definir a idade da reforma?

– Planeamento regional e local;

por exemplo: Qual a localização ideal para a construção de um hospital no município?

– Estudos de mercado e sondagens de opinião;

por exemplo: Qual o número de pessoas a inquirir para obter uma boa amostra para um determinado estudo?

– Investimento em ciências socias.

por exemplo: Como têm evoluído as condições de vida da população?

Principais indicadores demográficos em análise:

As características demográficas da população foram variando ao longo dos tempos e apresentam hoje grandes discrepâncias entre os diferentes espaços geográficos. Assim, o recurso a indicadores demográficos é fundamental para a compreensão das dinâmicas demográficas da população. Do vasto número de indicadores estatísticos analisados no estudo de uma população destacam-se alguns muito importantes:

Quando se comparam dados demográficos de diferentes territórios (países, regiões, municípios, etc.) com diferentes valores de população absoluta, devemos utilizar indicadores relativos (taxas e índices) e não indicadores absolutos.

Natalidade (N): A variação da população está muito dependente da natalidade[Conceito] Número total de nascimentos vivos ocorridos num determinado período, numa dada população.. Esta assume-se como determinante para o crescimento populacional, uma vez que é responsável pelo total de nados-vivos ocorridos num determinado território, num certo intervalo de tempo. Se o seu valor for superior ao da mortalidade, a população absoluta aumenta, caso se verifique o contrário, a população diminui.

A natalidade mundial registou, desde 1950 até a atualidade, um decréscimo significativo. Apesar de uma maior redução da natalidade nos Países Em Desenvolvimento (PED), atualmente a natalidade é cerca de três vezes superior nestes países do que nos Países Desenvolvidos (PD).

Taxa bruta de natalidade (TBN): A distribuição da Taxa bruta de natalidade[Conceito] Número de nados-vivos por cada mil habitantes, ocorridos num determinado território, num certo intervalo de tempo. a nível mundial revela grandes disparidades, registando os valores mais reduzidos, inferiores a 10‰, nos países da Europa Central e de Leste (ex. Polónia e Roménia) ou na Península Ibérica.

Os valores mais elevados, iguais ou superiores a 30‰, registam-se na maioria dos países da África Subsariana (ex. Angola e Sudão) (Figura 1).

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Figura 1: Distribuição mundial da Taxa bruta de natalidade, em 2020.

Como se calcula a Taxa bruta de natalidade?

TBN = número total de nados-vivospopulação absoluta  x 1000

Como tem evoluído a TBN a nível mundial?

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Evolução mundial da Taxa bruta de natalidade.

 
  • Apesar do aumento da população mundial, a Taxa bruta de natalidade mundial registou um decréscimo significativo, tendência que se prevê que se mantenha.

Fatores que contribuem para a elevada TBN nos PED

  • Fraca valorização social, cultural e profissional da mulher (que impede a sua escolarização e entrada no mercado de trabalho e/ou defende o casamento das meninas e o nascimento do primeiro filho em idades precoces);
  • O elevado número de filhos é um fator de prestígio social;
  • Baixo nível de escolaridade da população em geral (que dificulta a divulgação e a aceitação dos métodos contracetivos (como o preservativo e a pílula) e do planeamento familiar e/ou a obtenção de empregos com melhores remunerações);
  • Os baixos rendimentos das famílias tornam o trabalho infantil importante (os filhos são considerados uma fonte de rendimento);
  • Existência de poligamia (situação em que um indivíduo tem mais do que um cônjuge ao mesmo tempo).

Fatores que contribuem para a baixa TBN nos PD e em alguns PED

  • Desejo de uma maior qualidade de vida contribui para o adiamento da decisão de constituir família com filhos;
  • Elevado nível de escolaridade da população em geral (que facilita a divulgação e a aceitação dos métodos contracetivos e do planeamento familiar e/ou contribui para a entrada tardia dos jovens no mercado de trabalho bem como a obtenção de empregos com melhores remunerações);
  • Valorização social, cultural e profissional da mulher (que contribui para o adiamento do casamento e do nascimento do primeiro filho devido, em parte, ao prolongamento dos estudos e a maior aposta na carreira profissional);
  • Maiores encargos e responsabilidades inerentes ao bem-estar e futuro dos filhos (os filhos são vistos como fonte de despesa);
  • Precariedade e instabilidade no emprego;
  • Diminuição do número de casamentos e aumento do número de divórcios
  • Dificuldades na aquisição de habitação.

Índice sintético de fecundidade (ISF): Relacionado com a natalidade está o Índice sintético de fecundidade[Conceito] Número de filhos que, em média, cada mulher tem durante a sua vida fecunda (15 a 49 anos), ocorridos num determinado território, num certo intervalo de tempo. que tem registado, também, uma evolução negativa, acompanhando a natalidade. A distribuição geográfica decalca a da Taxa bruta de natalidade, sendo, por isso, explicado pelas mesmas razões. Regra geral, as regiões mais desenvolvidas apresentam valores baixos, enquanto as menos desenvolvidas têm valores elevados, o que gera dificuldades no acesso a recursos alimentares, à educação e à saúde (Figura 2).

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Figura 2: Desigualdades no Índice Sintético de Fecundidade, em 2019.

Índice de renovação de gerações (IRG): Para garantir a renovação de gerações, é necessário que o Índice sintético de fecundidade seja igual ou superior a 2,1. Assim, Índice de renovação de gerações[Conceito] Corresponde ao valor do índice sintético de fecundidade necessário para que as gerações mais idosas possam ser substituídas por outras mais jovens.O valor de referência é de 2,1 filhos por mulher. permite-nos verificar se os pais podem ou não ser numericamente substituídos se, em média, cada mulher tenha pelo menos 2,1 filhos.

Mortalidade (M): A mortalidade[Conceito] Número de óbitos (falecidos) ocorridos num determinado território, num certo intervalo de tempo. tem vindo, à semelhança da natalidade, a diminuir na maior parte das regiões do mundo. Este decréscimo deve-se aos sucessivos progressos na medicina e à melhoria generalizada das condições de vida das populações.

Taxa bruta de mortalidade (TBM): A distribuição da Taxa bruta de mortalidade[Conceito] Número de óbitos por mil habitantes, ocorridos num determinado território, num certo intervalo de tempo. a nível mundial revela também grandes disparidades. Os valores mais reduzidos, inferiores a 7‰, encontram-se nos países de África do Norte (ex. Argélia e Egipto) e África Subsariana (ex. Uganda e Quénia), alguns países asiáticos do Médio Oriente (ex. Arábia Saudita e Irão) ou na América Latina (ex. Brasil e Bolívia).

Os valores mais elevados, iguais ou superiores a 11‰, registam-se em alguns países da Europa Central e Oriental (ex. Alemanha e Ucrânia), em alguns países do centro africano (ex. Chade e República Centro Africana) e na Rússia (Figura 3).

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Figura 3: Distribuição mundial da Taxa bruta de mortalidade, em 2020.

Como se calcula a Taxa bruta de mortalidade?

TBM = número total de óbitospopulação absoluta  x 1000

Como tem evoluído a TBM a nível mundial?

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Evolução mundial da Taxa bruta de mortalidade.

  • A nível mundial os valores da mortalidade têm vindo a diminuir ao longo das últimas décadas, no entanto prevê-se que esta possa aumentar devido ao envelhecimento da população mundial.

Fatores que contribuem para a elevada TBM nos PED e em alguns PD

  • Difícil acesso a cuidados de saúde e a medicamentos;
  • Más condições de higiene e de saúde pública, o que favorece o aparecimento e proliferação de doenças;
  • Forte prevalência de HIV/SIDA e de outras doenças infectocontagiosas;
  • Práticas culturais que colocam em risco a saúde;
  • Dieta alimentar pobre e insuficiente com difícil ou restrito acesso a água potável;
  • Condições insuficientes de habitabilidade;
  • Más condições de trabalho;
  • Ocorrência frequente de guerras e de catástrofes naturais.
  • Envelhecimento da população, em virtude da reduzida natalidade e fecundidade e do aumento da esperança média de vida;
  • Obesidade e sedentarismo.

Fatores que contribuem para a baixa TBM nos PD e em alguns PED

  • Medicina de diagnóstico, tratamento e reabilitação avançada, acessível à generalidade da população;
  • Boas condições de higiene e de saúde pública;
  • Dieta alimentar diversificada e acessível à larga maioria da população;
  • Boas condições laborais e com acesso à medicina do trabalho;
  • Serviços de proteção social e civil avançados.
  • Cooperação internacional, assente na ajuda internacional dos países desenvolvidos e de organizações não governamentais (ONG), que teve repercussões positivas, entre outros aspetos, na saúde, na alimentação, na educação ou na habitação ou higiene.

Taxa de mortalidade infantil (TMI): A Taxa de mortalidade infantil[Conceito] Número de óbitos de crianças com menos de 1 ano de idade por 1000 nados-vivos nascidos num determinado território, num certo intervalo de tempo. é um bom indicador do grau de desenvolvimento dos países, na medida em que reflete as condições de vida da população ao nível, por exemplo, das características socioeconómicas; dos progressos médico-sanitários; de certas práticas relacionadas com o acompanhamento das crianças nos primeiros meses de vida. Apesar das desigualdades, a TMI tem registado um decréscimo, iniciado nos PD, mas que, na atualidade, se verifica em todos os países. Os valores mais reduzidos, inferiores a 10‰, registaram-se nos países da Europa Nórdica (ex. Noruega e Suécia) e Central (ex. Alemanha e França) ou na Península Ibérica.

Os valores mais elevados, iguais ou superiores a 40‰, concentram-se em diversos países da África Subsariana (ex. Níger e Nigéria), no Médio Oriente (ex. Iémen) e no Sul da Ásia (ex. Paquistão) (Figura 4).

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Figura 4: Distribuição mundial da Taxa de mortalidade infantil, em 2020.

Como se calcula a Taxa de mortalidade infantil?

TMI = número de óbitos de crianças < 1 ano idadetotal de nados-vivos  x 1000

Como tem evoluído a TMI a nível mundial?

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Evolução mundial da Taxa de mortalidade infantil.

  • A nível mundial, a mortalidade infantil diminuiu acentuadamente, em resultado das melhorias verificadas nos cuidados de saúde materno-infantil. No entanto, esta é ainda consideravelmente elevada e superior nos PED, quando comparada à mortalidade infantil registada nos PD.

Fatores que contribuem para a elevada TMI nos PED

  • Condições sanitárias e infra-estruturas deficientes para a realização de partos;
  • Deficiente ou falta de acompanhamento médico durante e após a gravidez;
  • Má qualidade de vida das famílias;
  • Carências alimentares, de medicamentos e de vacinas;
  • Ocorrência de conflitos armados;
  • Prevalência de fome e subnutrição;
  • Forte incidência de doenças tropicais como a malária ou a febre-amarela.

Fatores que contribuem para a baixa TMI nos PD

  • Acompanhamento médico durante e após a gravidez;
  • Cuidados médicos avançados prestados às grávidas e aos bebés prematuros;
  • Acesso a uma boa dieta alimentar, a medicamentos e a vacinas;
  • Boa qualidade de vida da generalidade das famílias;
  • Segurança pública.

Índice de envelhecimento (IE): O decréscimo dos valores de natalidade tem sido acompanhado por um aumento nos valores da Esperança média de vida à nascença, o que contribui para o aumento dos valores do Índice de envelhecimento[Conceito] Relação entre número de idosos (indivíduos com 65 ou mais anos) e os jovens (indivíduos com menos de 15 anos). Exprime-se habitualmente pelo número de idosos por cada 100 jovens.. Para esta evolução muito tem contribuído a melhoria das condições médico-sanitárias, laborais e na dieta alimentar.

Como se calcula o Índice de envelhecimento?

IE = população com 65 ou mais anospopulação com menos de 15 anos  x 100

Esperança média de vida (EMV): A Esperança média de vida[Conceito] Número médio de anos que uma pessoa, à nascença, pode esperar viver. à nascença é um importante indicador que coloca em evidência as diferenças de longevidade das populações. A diminuição da mortalidade em geral e da mortalidade infantil têm contribuído para o aumento da EMV, refletindo, dessa forma o crescente desenvolvimento dos países. Os valores mais reduzidos, inferiores a 60 anos de idade, encontram-se na África Subsariana (ex. República Centro Africana e Sudão do Sul).

Os valores mais elevados, iguais ou superiores a 80 anos, registam-se em alguns países da Europa do Nórdica (ex. Noruega e Islândia), Europa Central e Ocidental (ex. Reino Unido e Bélgica), em alguns países da Oceânia (ex. Austrália e Nova Zelândia) e da Ásia (ex. Japão e Coreia do Sul), no Canadá e na Península Ibérica (Figura 5).

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Figura 5: Distribuição mundial da Esperança média de vida à nascença, em 2020.

Como tem evoluído a Esperança média de vida a nível mundial?

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Evolução mundial da Esperança média de vida à nascença.

  • A nível mundial, a Esperança média de vida à nascença tem verificado uma evolução positiva, no entanto, este indicador também revela grandes discrepâncias regionais assinaláveis.

Fatores que contribuem para a elevada EMV

  • Melhoria da capacidade hospitalar de diagnóstico, tratamento e reabilitação;
  • Avanços na medicamentação;
  • Diversificação da dieta alimentar;
  • Melhorias na rede de saneamento básico;
  • Melhoria dos cuidados de higiene e de saúde pública;
  • Reforço na medicina no trabalho e das regras de segurança laboral;
  • Maior frequência da prática de exercício físico ao longo da vida.

Fatores que contribuem para a baixa EMV

  • Carências alimentares e dificuldade no acesso a água potável;
  • Ocorrência de conflitos armados;
  • Condições médico-sanitárias precárias;
  • Dificuldade no combate de HIV/SIDA e de outras doenças infecto-contagiosas, como a malária e o paludismo;
  • Pouca qualidade de vida e más condições laborais.

Crescimento natural (CN) ou Saldo fisiológico (SF): Corresponde à diferença entre a natalidade e a mortalidade, ocorridos num determinado território, num certo intervalo de tempo. Este pode ser positivo, negativo ou nulo, consoante a natalidade seja superior, inferior ou igual à mortalidade, respetivamente.

Taxa de crescimento natural (TCN): A Taxa de crescimento natural[Conceito] Corresponde à diferença entre a taxa bruta de natalidade e a taxa bruta de mortalidade, ocorridos num determinado território, num certo intervalo de tempo. Exprime-se em permilagem. reflete o comportamento das Taxas Brutas de natalidade e de mortalidade nos PD e nos PED. Utiliza-se para comparar o crescimento populacional, conforme o tempo e o espaço que se considere. Podem obter-se três cenários de crescimento distintos:

  • Taxa de crescimento natural positiva (>0): o valor da natalidade é superior ao da mortalidade, por isso a população aumenta. O maior desafio neste contexto é satisfazer as necessidades da população jovem ao nível de educação, saúde, emprego ou condições de vida;
  • Taxa de crescimento natural nula (=0): o valor da natalidade é igual ao da mortalidade, por isso a população mantém-se. O maior desafio neste contexto é satisfazer as necessidades da população adulta ao nível de formação, saúde, emprego ou padrão de vida;
  • Taxa de crescimento natural negativa (<0): o valor da natalidade é inferior ao da mortalidade, por isso a população diminui. O maior desafio neste contexto é satisfazer as necessidades da população idosa ao nível de saúde e padrão de vida ou a promoção da natalidade para travar a diminuição e envelhecimento da população.

Os valores mais reduzidos, inferiores a 0‰, encontram-se na Europa Central (ex. Alemanha e Áustria), na Europa de Leste (ex. Bulgária e Roménia), Na Europa Mediterrânica (ex. Portugal e Itália) ou na Rússia.

Os valores mais elevados, iguais ou superiores a 16‰, registam-se na maioria dos países da África Subsariana (ex. Mali e Chade) e na Península Ibérica (Figura 6).

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Figura 6: Distribuição mundial da Taxa de crescimento natural, em 2020.

Como se calcula a Taxa de crescimento natural?

TCN = TBN - TBM

ou

TCN = (número de nados-vivos - número de óbitos)população absoluta  x 1000

Como tem evoluído a TCN a nível mundial?

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Evolução mundial da Taxa de crescimento natural.

  • A nível mundial, a Taxa de crescimento natural apresenta uma evolução decrescente, ao longo do tempo.

Saldo migratório (SM): Corresponde à diferença entre a Imigração (I) e a Emigração (E), num dado período de tempo, e num determinado local.

Taxa de crescimento efetivo ou Taxa de crescimento real (TCE): Para se compreender o real crescimento de uma população é necessário conjugar o  Crescimento natural (diferença entre a natalidade e a mortalidade) com o Saldo migratório (diferença entre imigração e emigração), através do cálculo da Crescimento efetivo ou real[Conceito] Somatório do Crescimento natural e do Saldo migratório, cujo resultado indica quantos indivíduos há a mais ou a menos, num determinado período, numa dada região.. Deste modo é possível verificar como evoluiu uma determinada população. Para se comparar diferentes valores populacionais contabiliza-se a Taxa de crescimento efetivo.

Como se calcula a Taxa de crescimento efetivo?

TCE = CN + SMpopulação absoluta  x 1000

ou

TCE = (natalidade - mortalidade) + (imigrantes - emigrantes)população absoluta  x 1000

Evolução da população mundial:

A evolução dos indicadores demográficos, anteriormente descritos, permite explicar a evolução da população mundial, que se processou a ritmos distintos ao longo dos tempos. Durante muitos séculos, a população mundial aumentou muito lentamente em todo o mundo. A partir de meados do século XVIII, registou-se um crescimento significativo na Europa e noutras regiões desenvolvidas. Depois do final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a população aumentou exponencialmente, ou seja, de forma muito acentuada em todo o mundo, exceto nos países mais desenvolvidos (Figura 7).

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Figura 7: Evolução da população mundial.

A nível espacial, registam-se diferenças significativas entre os países, de acordo com o seu grau de desenvolvimento. Espera-se que a população mundial atinja os 8,5 mil milhões de habitantes até 2030, sendo esse crescimento maior em África (Figura 8).

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Figura 8: Previsão da evolução da população por regiões.

Evolução da população em países com diferentes graus de desenvolvimento:

A evolução da população pode ser explicada Modelo de Transição Demográfica. Este modelo baseia-se no pressuposto de que o crescimento populacional de um país passa por vários estádios, à medida que este se desenvolve economicamente.

Uma vez que o comportamento da natalidade e da mortalidade não é uniforme em todo o mundo, a contribuição de cada país para o crescimento populacional é diferente, sendo evidente a diferença principalmente entre os Países Desenvolvidos e os Países Em Desenvolvimento.

Com base neste modelo, os demógrafos procuram explicar o crescimento populacional, motivado pela transição de uma sociedade predominantemente agrícola para uma sociedade predominantemente industrial, para que possam ser encontradas soluções para os seus principais problemas (Figura 9).

Por que os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

i

Figura 9: Modelo de Transição Demográfica.

Neste modelo identificam-se cinco estádios (momentos) de evolução da população:

Regime demográfico primitivo (Fase 1): Carateriza-se por um crescimento natural muito lento da população mundial, porque, apesar de nascerem muitas crianças, o número de pessoas que morre também era muito elevado. Atualmente não há nenhum país neste contexto, apenas alguns grupos remotos se encontram neste estádio.

A Taxa bruta de natalidade era muito elevada devido à ausência de planeamento familiar[Conceito] Corresponde ao meio de proporcionar informação às pessoas que lhes permita decidir o número de filhos que querem ter e quando os querem ter. Isto implica o acesso a informação sobre métodos de contraceção e serviços de saúde apropriados que permitam a vivência da sexualidade de uma forma saudável, feliz e segura, bem como o planeamento de uma gravidez e parto nas condições mais adequadas. e de contracetivos, ao casamento precoce, à necessidade de mão-de-obra e ainda ao encorajamento social e religioso.

A Taxa bruta de mortalidade, que também era muito elevada, devia-se essencialmente à grande vulnerabilidade das pessoas face às catástrofes naturais, à fome provocada pelas más colheitas agrícolas, às precárias condições de vida, às doenças que eram agravadas pelos fracos conhecimentos médicos da época e ainda devido às guerras.

Revolução demográfica (Fase 2): Teve início com a Revolução Industrial[História] Conjunto de transformações profundas ocorridas na indústria inglesa, iniciadas no século XVIII, e que, progressivamente, se espalharam por outros países da Europa, da América do Norte e da Ásia., caracterizada por uma melhoria das condições de vida, de alimentação e de saúde, que contribuíram para a redução gradual da mortalidade. A Somália, o Chade ou o Mali são exemplos de países neste contexto. Nesta fase a Taxa bruta de natalidade manteve-se muito elevada devido às mesmas razões da primeira fase.

À medida que os cuidados de saúde foram melhorando, nomeadamente pela invenção das primeiras vacinas, pela distribuição de água potável ou pela construção de saneamento, a mortalidade, especialmente a infantil, diminuiu, pelo que a população mundial começou a aumentar rapidamente.

Explosão demográfica (Fase 3): Esta fase inicia-se após o final da Segunda Guerra Mundial. Verifica-se um acentuado Crescimento natural sobretudo devido ao apoio prestado pelos Países Desenvolvidos aos Países Em Desenvolvimento, contribuindo desta forma para a melhoria das condições médicas, sanitárias e de alimentação, levando a que, no geral, a mortalidade diminuísse imenso. Contudo, apesar da natalidade também diminuir, num primeiro momento manteve-se muito elevada o que contribuiu para um aumento populacional muito significativo. Índia, Argélia ou Paquistão encontram-se neste estádio.

Nesta fase verifica-se um decréscimo acentuado da Taxa bruta de natalidade devido ao planeamento familiar, métodos contraceptivos, ou a valorização social e profissional da mulher. A Taxa bruta de mortalidade continua baixa.

Regime demográfico moderno (Fase 4): A Taxa bruta de natalidade é reduzida e a Taxa bruta de mortalidade também, tendo como consequência uma taxa de crescimento natural reduzida ou nula. Contribuíram para a baixa natalidade a generalização do planeamento familiar, os casamentos tardios ou a entrada da mulher no mercado de trabalho. Para a redução da mortalidade contribuíram, por exemplo, os bons cuidados médicos ou o abastecimento fiável de alimentos. A Dinamarca, a França ou Alemanha encontram-se neste contexto.

Regime demográfico pós-moderno (Fase 5): Alguns demógrafos da atualidade propõem esta quinta fase apesar de existirem dúvidas muito significativas daquilo que poderá acontecer. Apesar de ainda ser cedo para retirar conclusões, pensa-se que esta fase se irá caraterizar por uma Taxa bruta de natalidade inferior à Taxa bruta de mortalidade, verificando-se um crescimento natural negativo e uma redução da população total. Portugal, Japão ou Itália são exemplos de países onde este cenário é já evidente.

Em função da desigual evolução demográfica, tendo em conta o desenvolvimento dos países, verificam-se várias consequências imediatas (Quadro 1).

Quadro 1: Consequências da desigual evolução demográfica.

Países Desenvolvidos Países Em Desenvolvimento
Elevada percentagem de população envelhecida Elevada percentagem de população jovem
Taxa bruta de natalidade baixa Taxa bruta de natalidade elevada
Elevados encargos com segurança social e saúde Situações de pobreza extrema
Diminuição da população ativa Elevadas taxas de desemprego
Países Em Desenvolvimento
Elevada percentagem de população jovem
Taxa bruta de natalidade elevada
Situações de pobreza extrema
Elevadas taxas de desemprego

Estrutura etária da população:

A estrutura etária[Conceito] Composição de uma população por idades, classes de idades e por sexos. permite conhecer e caracterizar a população de um país ou região e, de forma indireta, as suas características sociais e económicas. Esta reflete o comportamento de diferentes variáveis e indicadores demográficos, como a natalidade, a mortalidade, a esperança média de vida à nascença ou a emigração.

Assim, poderá saber-se se a população absoluta apresenta uma tendência para aumentar ou diminuir, se é jovem ou envelhecida, se é necessário incentivar ou controlar a natalidade ou ainda qual as necessidades de equipamentos de educação, de saúde, de emprego, de apoio à terceira idade, de habitação, entre outros.

Porque os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da população?

Por que os indicadores demográficos não refletem as condições de vida da população? RESPOSTA: Os indicadores demográficos (taxas de natalidade e de mortalidade, expectativa de vida, renda per capita, entre outros) são uma média aritmética e, em países pobres, os contrastes e desigualdades sociais são enormes.

Por que em países pobres e em alguns emergentes Os indicadores Demograficos não refletem as condições de vida da maioria da população?

Em países pobres e em alguns emergentes, os indicadores demográficos não refletem as condições de vida da maioria da população, porque eles avaliam dados aleatórios que incluem desde as melhores condições de vida e algumas não tão favoráveis, pois não é possível mensurar todos os dados.

Que indicadores demográficos demonstram a qualidade de vida da população de um lugar?

São indicadores: população; razão entre os sexos; crescimento populacional; taxa de fecundidade; taxa bruta de natalidade; mortalidade proporcional por idade em menores de um ano; esperança de vida ao nascer; índice de envelhecimento, entre outros.

Por que os índices demográficos são importantes para compreender a dinâmica da população?

Os indicadores demográficos apresentam o número de habitantes dos municípios, bem como as principais características da população, informações de extrema importância para o conhecimento da comunidade e para subsidiar o planejamento, gestão e avaliação de políticas públicas.