Porque deve haver a inclusão de pessoas com necessidades educacionais especiais nas escolas de ensino regular?

Inclusão escolar: relevância e possibilidadesTempo de leitura estimado: 8 min.

6 de setembro de 2017

Gestão Escolar

Embora urgente, a inclusão de crianças com necessidades especiais nas escolas ainda é pouco discutida no Brasil. Saiba mais sobre o assunto a seguir.

Apesar de muitos colégios regulares já contarem com tecnologia e informações necessárias para o acolhimento de alunos com necessidades especiais, a maioria continua carente de recursos que atendam às demandas, e não são capazes de promover o desenvolvimento educacional desses estudantes no nível que poderiam.

No artigo de hoje, vamos falar sobre a importância da inclusão escolar, de que tipos de tecnologia ela pode se valer e sobre como os alunos com necessidades especiais devem ser avaliados na escola. Confira!

O princípio fundamental dessa iniciativa baseia-se no artigo XXVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz que “todo ser humano tem direito à instrução”. A inclusão escolar, além de ir ao encontro da garantia desse direito, também tem um papel importante no desenvolvimento socioemocional e psicológico das crianças com necessidades especiais.

A legislação brasileira (LDBEN 9394/96), por sua vez, busca garantir que as crianças que apresentam algum tipo de necessidade especial possam se socializar, desenvolver suas capacidades pessoais e aprimorar sua inteligência emocional por meio da inclusão escolar.

O acesso à escola não só promove o desenvolvimento pessoal, mas também é uma ferramenta social importante para os relacionamentos interpessoais, uma vez que o ambiente escolar é um dos principais espaços nos quais as crianças têm a oportunidade de lidar e construir laços com pessoas de fora das suas famílias.

Dessa forma, a inclusão é vantajosa não somente para os alunos com necessidades especiais, mas também para os demais, que aprendem na prática a conviver com essas diferenças. Afinal, saber lidar com a diversidade é muito importante para o convívio em sociedade.

Ambiente propício ao desenvolvimento da autonomia

As escolas que promovem a inclusão de maneira efetiva não apenas oferecem a esses alunos a oportunidade de acesso aos conteúdos do currículo, como também os ensina a se tornarem autônomos.

O desenvolvimento da autonomia é fundamental para a construção da autoestima do indivíduo adulto. Com a autonomia e a autoestima fortalecidas o jovem sente-se motivado a continuar estudando e se desenvolvendo nas diversas áreas da vida, preparando-se inclusive para buscar uma profissão no futuro.

Vale ressaltar que a inclusão escolar também promove uma ampla reflexão sobre diversidade e respeito, que são temas importantes para a construção da democracia e para o desenvolvimento de cidadãos emocionalmente mais saudáveis. Sendo assim, entende-se a inclusão escolar como uma medida educativa que também favorece os alunos que não apresentam necessidades especiais.

Uma escola diversa e inclusiva permite que os alunos conheçam e acompanhem de perto o desenvolvimento de outros jovens com habilidades e necessidades diferentes das suas e que, a partir dessa convivência, desenvolvam melhor competências socioemocionais como empatia, paciência e colaboração — tão urgentes em uma sociedade diversa como a nossa.

O suporte tecnológico

Ainda que os benefícios de inserir crianças com necessidades especiais em ambientes de educação regulares sejam bastante impactantes, a inclusão escolar não pode ser realizada de qualquer maneira. As escolas devem dispor de recursos apropriados para recebê-las para que elas sejam realmente inclusas nas atividades.

Nesse sentido, a tecnologia pode ser uma grande aliada das instituições de ensino. Contanto, é claro, que haja profissionais capacitados para operar as ferramentas que ela oferece. Afinal, se não houver um planejamento pedagógico para o uso de determinadas tecnologias, ela não proporcionará a transformação buscada para a experiência do aluno com necessidades especiais.

O campo que se volta para as demandas dos usuários com necessidades especiais é chamado de “tecnologia assistiva”, uma vez que os assiste, isto é, os ajuda a ampliar suas habilidades e acessar as informações. Há softwares de todo tipo, próprios para atender as necessidades específicas de cada usuário.

Deficiência auditiva e visual

No caso dos alunos surdos já alfabetizados em português, existem por exemplo softwares que transcrevem a fala para o texto escrito. Já os alunos com graves deficiências auditivas e que ainda não estão alfabetizados, esses podem se beneficiar do aplicativo Mãos que Falam, que consegue traduzir textos orais (diálogos e discursos), escritos e até imagens para Libras.

Para alunos com deficiências auditivas menos severas, há também equipamentos de uso individual ou coletivo que ampliam a potência dos sons. Já para alunos com deficiência visual, há softwares capazes de fazer o caminho inverso: ler em voz alta textos escritos e descrever o design de sites na internet, assim como ferramentas de audiodescrição para filmes e outros produtos audiovisuais.

Problemas de mobilidade e deficiência intelectual

Há também os programas que auxiliam alunos com problemas de mobilidade a operar com hardwares que exigem coordenação motora, como o mouse. Além disso, possibilitam que pessoas tetraplégicas operem o computador usando comandos de voz.

Para crianças com deficiência intelectual, como o autismo, ou mesmo alunos com síndrome de down ou TDAH, existem diversos recursos pedagógicos que podem auxiliá-los na aprendizagem.

Há, por exemplo, auxiliares de memória, como a Smartpen, que grava as anotações em uma cópia digital, sendo também capaz de reproduzi-las em áudio em seguida. Assim como softwares que leem os textos em voz alta enquanto estão sendo digitados ou mesmo que completam as palavras para auxiliar na produção de textos.

Para a dificuldade de concentração, já existem fones de ouvido com cancelamento de ruído, que podem auxiliar o aluno a se concentrar na aula, ou timers, que organizam o tempo de estudo em sessões curtas com intervalos periódicos automaticamente, sem a necessidade da intervenção de um adulto.

Outros recursos

No entanto, não há necessidade de utilizar apenas equipamentos de alta tecnologia. Se utilizados corretamente, recursos mais simples, como gravadores, marcadores de texto, agendas e dicionários, já serão de grande ajuda.

A tecnologia, como podemos ver, é uma grande aliada na missão de oportunizar um ensino de qualidade, capaz de atender às necessidades de todos os alunos. Contudo, mais importante que isso é ter profissionais capacitados para lidar com essas tecnologias de forma que a ajuda seja efetiva.

As avaliações de alunos especiais

Toda avaliação precisa ser planejada tendo em mente um objetivo, habilidade ou conteúdo específico a ser verificado, de modo a poder aferir o aproveitamento do aluno para cada proposta educacional. A partir dos resultados obtidos, é possível medir o alcance dos métodos pedagógicos aplicados pelo professor e estudar a necessidade de mudanças no seu planejamento.

No entanto, quando se trata da avaliação do aprendizado de alunos especiais, é importante que os educadores pensem em um modelo de avaliação que atenda às lógicas inclusivas e que verifiquem continuamente os conhecimentos dos alunos de acordo com seus recursos cognitivos, realidade social e capacidade socioemocional.

Verificação da aprendizagem igual para todos

Pensando nisso, a pedagoga e diretora da Assistiva Tecnologia e Educação, Mara Lúcia Sartoretto, recomenda que a forma de avaliação não seja diferenciada entre os alunos não deficientes e os que têm algum tipo de deficiência. Para ela, tal diferenciação desvalorizaria o processo de aprendizagem de todos.

Ainda segundo a especialista, é o caso de pensar nos processos de verificação de aprendizagem de maneira global, adaptando-os aos recursos de acessibilidade dos quais as crianças com necessidades especiais dispõem para, assim, poder elaborar um método de avaliação que possa atender a todos.

Como funcionaria então uma avaliação que, ao mesmo tempo, é igual para todos, mas também respeita as especificidades de cada criança? A proposta de Sartoretto é que se deve buscar uma verificação de aprendizagem que seja ao mesmo tempo útil e inclusiva.

Para tanto, a verificação de aprendizagem adequada a uma escola inclusiva deve ser coerente com o ritmo e o percurso de aprendizagem de cada aluno (já que o ato de aprender é individual) e deve dispor dos recursos de acessibilidade necessários para cada deficiência — como atividades digitalizadas em braile ou acompanhadas por intérpretes, por exemplo.

Além disso, a avaliação deve ter como foco não os resultados ou a capacidade do aluno de reproduzir aquilo que se espera dele, mas o processo individual e uma análise daquilo que ele de fato aprendeu a produzir.

Enfim, as conclusões obtidas devem ser compreendidas não como uma simples verificação do sucesso ou do insucesso do aluno, e sim, como parte do compromisso entre educador e educando. Sendo assim, elas apontam também para a possibilidade de modificar e aperfeiçoar a prática pedagógica.

Espaço inclusivo e que ofereça as mesmas oportunidades

Portanto, transformar a escola em um espaço inclusivo significa contribuir para que todos tenham a oportunidade de desenvolver suas capacidades, buscar suas aspirações e crescer nutrindo valores de respeito ao outro e às diferenças.

Esperamos que o post de hoje tenha trazido informações relevantes sobre educação e inclusão escolar e tenha inspirado você a buscar propostas nesse sentido para a sua escola.

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Qual a importância da inclusão escolar de alunos com necessidades especiais?

A inclusão na escola favorece a quebra de preconceitos sociais, bem como estimula a aprendizagem de modo mais colaborativo. Além do mais, os estudantes com necessidades especiais passam a se sentir acolhidos e motivados a desenvolver seu potencial ao máximo.

Qual a importância da inclusão de alunos com deficiência no ensino regular?

Acima de tudo, o maior ganho que uma criança com deficiência tem ao poder ingressar no ensino regular é a interação com os demais alunos. Ela amplia suas referências, ganha uma nova versão de mundo, consegue interagir com diversas pessoas, passa a conhecer novas realidades.

Qual a importância da inclusão de estudantes com necessidade especiais na educação escolar e como a geografia pode contribuir nesse processo?

Esses recursos podem ser adaptados para o uso de todos e trariam vida às aulas de geografia. Estudantes interessados facilitam a convivência e o aprendizado. Incluir alunos com necessidades especiais não só promove a criatividade em sala, como também a cidadania em todas as partes envolvidas.

Qual a importância de a criança com deficiência ter acesso às escolas regulares de ensino e não somente espaços especializados?

O acesso à escola não só promove o desenvolvimento pessoal, mas também é uma ferramenta social importante para os relacionamentos interpessoais, uma vez que o ambiente escolar é um dos principais espaços nos quais as crianças têm a oportunidade de lidar e construir laços com pessoas de fora das suas famílias.