Qual é o principal aspecto da colonização brasileira presente nas palavras de Pero Vaz no trecho transcrito?

Qual é o principal aspecto da colonização brasileira presente nas palavras de Pero Vaz no trecho transcrito?

1.(Unesp) A Carta de Pero Vaz de Caminha, redigida com exuberância descritiva e até com uma enternecida afetividade, afigura-se como uma espécie de “Certidão de Batismo” de nosso país, na perspectiva da cultura ibérica, branca, cristã, mercantilista. E é como um reflexo dessa visão de mundo que está escrita, como de resto foi escrita a literatura ultramarina portuguesa da época. O Capitão-Mor Cabral, o escrivão Caminha e outros trouxeram de Portugal um vocabulário que, sem dúvida, se revelou insuficiente para descrever as coisas novas do Novo Mundo que viam e interpretavam. Por isto, é frequente na Carta o emprego de expressões e orações comparativas, na tentativa de exprimir o desconhecido, o inusitado, o extraordinário. Baseado neste comentário:
a) Cite uma dessas frases comparativas.
b) Interprete-a, de acordo com o contexto.
RESPOSTAS:
a) “… tomavam logo uma esquiveza COMO MONTESES…”
b) Os índios são esquivos e rudes porque não têm civilização.

2.(Unesp) Darcy Ribeiro (1922-) e Pero Vaz de Caminha enfocam os primeiros contatos entre os portugueses e os indígenas brasileiros. No entanto, um dos principais aspectos que ressalta à comparação entre os fragmentos da CARTA e do livro O POVO BRASILEIRO é a diferença entre as visões de mundo dos dois escritores, distanciados no tempo por 495 anos. Tomando por base este comentário:
a) Localize uma passagem do texto de Caminha na qual, em meio a expressões de admiração e louvor, se subentende a ideia de conquista do indígena pelo branco civilizado.
b) Explique o significado que adquire no texto de Darcy Ribeiro a expressão “guerra biológica”.
RESPOSTAS:
a) “E portanto, se os degredados que aqui… de bela simplicidade.”
b) A exposição dos índios a doenças para as quais não têm imunidade.

3.Qual das afirmações não corresponde à Carta de Caminha?
a) Observação do índio como um ser disposto à catequização.
b) Deslumbramento diante da exuberância da natureza tropical.
c) Mistura de ingenuidade e malícia na descrição dos índios e seus costumes.
d) Composição sob forma de diário de bordo.
e) Aproximações barrocas no tratamento literário e no lirismo das descrições.

 De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares […]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.

4.A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo:

a) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.

b) Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.

c) Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.

d) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia.

e) Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho.

    “ De ponta aponta é tudo praia… muito chã e muito  fremosa. […] Nela até agora não podemos saber que haja ouro nem prata… porém a terra em si é de muitos bons ares assim frios e temperados como os de Entre-Doiro-e Minho. E em tal maneira é graciosa que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem (…)”

5. Este fragmento da Carta, de Pero Vaz de Caminha permite observar que os textos do século XVI:

a)eram predominantemente catequéticos.

b) primavam pela estrutura narrativa.

c) louvavam os donatários das capitanias hereditárias.

d) consideravam os indígenas como seres inferiores.

e) revelavam os interesses mercantis dos colonizadores.

 6. (Ufsm )  A Carta de Pero Vaz de Caminha é o primeiro relato sobre a terra que viria a ser chamada de Brasil. Ali, percebe-se não apenas a curiosidade do europeu pelo nativo, mas também seu pasmo diante da exuberância da natureza da nova terra, que, hoje em dia, já se encontra degradada em muitos dos locais avistados por Caminha.

Tendo isso em vista, leia o fragmento a seguir.

          Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste ponto temos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, em algumas partes, grandes barreiras, algumas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima é toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa.

            Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque a estender d’olhos não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.

            Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem o vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados como os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.

            As águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem. CASTRO, Sílvio (org.). A Carta de Pero Vaz de Caminha.

Esse fragmento apresenta-se como um texto 

a) descritivo, uma vez que Caminha ocupa-se em dar um retrato objetivo da terra descoberta, abordando suas características físicas e potencialidades de exploração.    

b) narrativo, pois a “Carta” é, basicamente, uma narração da viagem de Pedro Álvares Cabral e sua frota até o Brasil, relatando, numa sucessão de eventos, tudo o que ocorreu desde a chegada dos portugueses até sua partida.

c) argumentativo, pois Caminha está preocupado em apresentar elementos que justifiquem a exploração da terra descoberta, os quais se pautam pela confiabilidade e abrangência de suas observações.

d) lírico, uma vez que a apresentação hiperbólica da terra por Caminha mostra a subjetividade de seu relato, carregado de emotividade, o que confere à “Carta” seu caráter especificamente literário.

e) narrativo-argumentativo, pois a apresentação sequencial dos elementos físicos da terra descoberta serve para dar suporte à ideia defendida por Caminha de exploração do novo território.

7. (IFSP )  A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador.

(Carta de Pero Vaz de Caminha. http://www.dominiopublico.com.br. Acesso em: 04.12. 2012.)

O trecho acima pertence a um dos primeiros escritos considerados como pertencentes à literatura brasileira. Do ponto de vista da evolução histórica, trata-se de literatura

a) de informação.   

b) de cordel.

c) naturalista.

d) ambientalista.

e) árcade.

Esse texto do século XVI reflete um momento de expansão portuguesa por vias marítimas, o que demandava a apropriação de alguns gêneros discursivos, dentre os quais a carta. Um exemplo dessa produção é a Carta de Caminha a D. Manuel. Considere a seguinte parte dessa carta:

Nela [na terra] até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata… porém a terra em si é de muito bons ares assim frios e temperados como os de Entre-Doiro-e-Minho. Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem, porém o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente e esta deve ser a principal semente que vossa alteza em ela deve lançar.

8. (IFSP )  O verbo sob destaque no trecho – …até agora não pudemos saber que haja ouro nem prata… – sinaliza a seguinte intenção do escrevente:

a) por meio do modo subjuntivo, evidenciar uma constatação.

b) por meio do modo subjuntivo, evidenciar uma insatisfação.

c) por meio do modo subjuntivo, evidenciar uma incerteza.   

d) por meio do modo indicativo, evidenciar uma convicção.

e) por meio do modo indicativo, evidenciar uma hipótese.

Texto para as questão 9 :

      “Senhor:

       Posto que o Capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que nesta navegação agora se achou, não deixarei também de dar minha conta disso a Vossa Alteza, o melhor que eu puder, ainda que – para o bem contar e falar – o saiba fazer pior que todos.

          Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos.

     De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.

         Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre-Doiro-e-Minho, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.

       Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.

        Porém o melhor fruito que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.

A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto.

     Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo

cristãos, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem em nenhuma crença.

    Eles não lavram, nem criam. Não há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem qualquer outra alimária, que costumada seja ao viver dos homens. Nem comem senão desse inhame, que aqui há muito, e dessa semente e fruitos, que a terra e as árvores de si lançam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.

    E nesta maneira, Senhor, dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta terra vi. E, se algum pouco me alonguei, Ela me perdoe, pois o desejo que tinha de tudo vos dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.

     Beijo as mãos de Vossa Alteza.

Deste Porto Seguro, da vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.

Pero Vaz de Caminha.”

                                                           A carta de Pero Vaz de Caminha.

 9.( UnB-DF)Evidenciando a leitura compreensiva do texto, julgue os itens abaixo.

( ) Diferentemente de outros documentos do século XVI acerca da descoberta do Brasil,

hoje esquecidos, a carta de Pero Vaz de Caminha continua a ser lida devido à sua importância histórica e, também, por conter elementos da função poética da linguagem.

( ) A carta de Pero Vaz de Caminha é considerada pela história brasileira o primeiro

documento publicitário oficial do país.

( ) A carta de Caminha é um texto essencialmente descritivo.

( ) Pero Vaz de Caminha foi o único português a enviar notícias da descoberta do

Brasil ao rei de Portugal.

( ) Segundo Caminha, os habitantes da Ilha de Vera Cruz eram desavergonhados.

RESPOSTA: V – F – V – F – F

“CARTA

(Pero Vaz de Caminha)

           Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanho, que haver nela, bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes longas barreiras, umas vermelhas e outras brancas; e a terra de cima, toda chã e muito cheia de grandes arvoredos.

           De ponta a ponta, é toda a praia muito chã e muito formosa. Pelo sertão, nos pareceu vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver, senão terra e arvoredos – terra que nos parecia muito extensa. Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal ou ferro, nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como o de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo de agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas, infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar, parece-me que será salvar esta gente, e esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa alteza aqui esta pousada para esta navegação de Calicute bastava; quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentando da nossa fé! E desta maneira, dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe, porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo. É pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que me elevo como em outra qualquer coisa que de Vossos serviços for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir a ilha de São Tomé a Jorge Osório, meu genro – o que d’Ela receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza.

      Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de   1500.”

(ENEM) TEXTO I

Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. […] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam.

CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

TEXTO II

Qual é o principal aspecto da colonização brasileira presente nas palavras de Pero Vaz no trecho transcrito?

PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: http://www.portinari.org.br. Acesso em: 12 jun. 2013. (Foto: Reprodução)

10.Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que

a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.

b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.

c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação dos nativos.

d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e não verbal –, cumprem a mesma função social e artística.

e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momentos histórico, retratando a colonização.

MACKENZIE  DESCOBRIMENTO

Texto I
A partida de Belém, como Vossa Alteza sabe, foi segunda-feira, 9 de março. […] E domingo, 22 do dito mês, às dez horas, pouco mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, ou melhor, da ilha de S. Nicolau […]. E assim seguimos nosso caminho por este mar de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram vinte e um dias de abril, estando da dita ilha obra de 660 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho
[…]. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos. Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo […]; ao monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal, e à terra, A Terra de Vera Cruz.
Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal
Texto II
A descoberta Seguimos nosso caminho por este mar de longo Até a oitava Páscoa Topamos aves E houvemos vista de terra
Oswald de Andrade, “Pero Vaz Caminha”

11.Assinale a alternativa correta acerca do texto I.
a) Trata-se de documento histórico que inaugura, em Portugal, um novo gênero literário: a literatura epistolar.
b) Exemplifica a literatura produzida pelos jesuítas brasileiros na colônia e que teve como objetivo principal a catequese do silvícola.
c) Apesar de não ter natureza especificamente artística, interessa à história da literatura brasileira na medida em que espelha a linguagem e a respectiva visão de mundo que nos legaram os primeiros colonizadores.
d) Pertence à chamada crônica histórica, produzida no Brasil durante a época colonial com objetivos políticos: criar a imagem de um país soberano, emancipado, em condições de rivalizar com a metrópole.
e) É um dos exemplos de registros oficiais escritos por historiadores brasileiros durante o século XVII, nos quais se observam, como característica literária, traços do estilo barroco.

Em carta ao rei D. Manuel, Pero Vaz de Caminha narrou os primeiros contatos entre os indígenas e os portugueses no Brasil: “Quando eles vieram, o capitão estava com um colar de ouro muito grande ao pescoço. Um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. Outro viu umas contas de rosário, brancas, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dissesse que dariam ouro por aquilo. Isto nós tomávamos nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e o colar, isto nós não queríamos entender, porque não havíamos de dar-lhe!” (Adaptado de Leonardo Arroyo, A carta de Pero Vaz de Caminha. São Paulo: Melhoramentos; Rio de Janeiro: INL, 1971, p. 72-74.)

12.Esse trecho da carta de Caminha nos permite concluir que o contato entre as culturas indígena e europeia foi

a) favorecido pelo interesse que ambas as partes demonstravam em realizar transações comerciais: os indígenas se integrariam ao sistema de colonização, abastecendo as feitorias, voltadas ao comércio do pau-brasil, e se miscigenando com os colonizadores.

b) guiado pelo interesse dos descobridores em explorar a nova terra, principalmente por meio da extração de riquezas, interesse que se colocava acima da compreensão da cultura dos indígenas, que seria quase dizimada junto com essa população.

c) facilitado pela docilidade dos indígenas, que se associaram aos descobridores na exploração da nova terra, viabilizando um sistema colonial cuja base era a escravização dos povos nativos, o que levaria à destruição da sua cultura.

d) marcado pela necessidade dos colonizadores de obterem matéria-prima para suas indústrias e ampliarem o mercado consumidor para sua produção industrial, o que levou à busca por colônias e à integração cultural das populações nativas.

13.Consiste o hipérbato na inversão da ordem direta dos termos da oração. assinale a alternativa em que Pero Vaz de Caminha faz uso dessa figura de linguagem:

a)Todavia um deles fitou o colar do Capitão.

b) E então estiraram-se de costas na alcatifa.

c) E depois tornou as contas a quem lhas dera.

d) O Capitão mandou pôr por baixo de cada um seu coxim.

e) Viu um deles umas contas de rosário, brancas.

texto a seguir servirá de base para a próxima questão.

Pero Vaz de Caminha, referindo-se aos indígenas escreveu:

“E naquilo sempre mais me convenço que são como aves ou animais montesinhos, aos quais faz o ar melhor pena e melhor cabelo que aos mansos, porque os seus corpos são tão limpos, tão gordos e formosos, a não mais poder.” […]
“Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e eles a nossa, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. E portanto, Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá Deus que com pouco trabalho seja assim.” […]
“Eles não lavram nem criam. Não há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao convívio com o homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.”
CASTRO, Silvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996.

14.De acordo com o texto e seus conhecimentos, marque a alternativa correta:

(A) Caminha, numa visão eurocentrista, exalta a cultura do “descobridor”, menosprezando todos os aspectos referentes ao modo de vida dos nativos, por exemplo, a não exploração daqueles mamíferos placentários exóticos, citados na carta, introduzidos no Brasil quando da colonização.
(B) Caminha realiza, através de farta adjetivação, descrições botânicas minuciosas acerca da flora da nova terra, destacando o tipo de alimentação do europeu — rica em vitaminas e sais minerais — em contraposição à indígena, que é rica em lipídios.
(C) A religiosidade está presente ao longo do texto, quando se constata que o emissor, tendo em mente a conversão dos índios à “santa fé católica” — pretensão dos europeus conquistadores —, ressalta positivamente a existência de crenças animistas entre os nativos.
(D) Na carta de Pero Vaz de Caminha, que apresenta linguagem formal, por ser o rei português o destinatário, há forte preocupação com aspectos da necessária conversão dos índios ao catolicismo, no contexto de crise religiosa na Europa.
(E) Ao realizar concomitantemente a narração e a descrição dos hábitos dos nativos, o remetente destaca informações não só do habitat como dos usos e costumes indígenas, exaltando o cultivo das plantas de lavouras e dos pomares.

15.(UFMG) Com base na leitura da Carta, de Pero Vaz de Caminha, é INCORRETO afirmar que esse texto:
(A) se filia ao gênero da literatura de viagem.
(B) aborda seu próprio contexto de produção.
(C) usa registro coloquial em estilo cerimonioso.
(D) se compõe de narração, descrição e dissertação.

16.(POLI) “Duas relíquias históricas produzidas no Brasil, foram trazidas para exibição na Mostra do Redescobrimento, em São Paulo: o manto tupinambá e a carta de Pero Vaz de Caminha.” (Folha de São Paulo, 11 de maio de 2000.)

A carta de Pero Vaz de Caminha, sobre o achamento do Brasil, enviada a El-Rei Dom Manuel é a principal manifestação literária do Quinhentismo, movimento literário brasileiro do século XVI. Tendo em vista o seu teor, podemos afirmar que os visitantes da Mostra do Redescobrimento, ao se depararem com tal texto, conseguiriam através dele:
(A) resgatar valores e conceitos sociais brasileiros.
(B) descobrir a história brasileira pela arte.
(C) ter mais informações sobre a arte brasileira.
(D) ver a cultura indígena brasileira.
(E) perceber o interesse português em explorar a nova terra.

17. (UFLA) Leia o texto a seguir para responder à questão.

CARTA DE PERO VAZ

A terra é mui graciosa,
Tão fértil eu nunca vi.
A gente vai passear,
No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.
Tem goiabas, melancias.
Banana que nem chuchu.
Quanto aos bichos, tem-nos muitos.
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais.
Diamantes tem à vontade,
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca.
Cruzados não faltarão,
Vossa perna encanareis,
Salvo o devido respeito.
Ficarei muito saudoso
Se for embora d’aqui.
(Murilo Mendes)

castão – remate superior de uma bengala;
cruzado – antiga moeda portuguesa;
vossa perna encanareis – a expressão quer dizer que o rei “estava mal das pernas”, isto é, sem dinheiro, “quebrado”. As riquezas do Brasil poderão tirá-lo dessa situação.

Há nesse texto uma sátira à expressão “dar-se-á nela tudo”, contida na Carta de Caminha. Marque a alternativa que confirma essa tendência.

(A) “Tem goiabas, melancias
Banana que nem chuchu.”

(B) ( … )
“No chão espeta um caniço,
No dia seguinte nasce
Bengala de castão de oiro.”

(C) “A terra é mui graciosa
Tão fértil eu nunca vi.”

(D) “Quanto aos bichos, tem-nos muitos
De plumagens mui vistosas.
Tem macaco até demais.”

(E) “Diamantes tem à vontade,
Esmeralda é para os trouxas.
Reforçai, Senhor, a arca.

18.(UFF) Assinale o fragmento que representa uma retomada modernista da carta de Pero Vaz de Caminha;
(A) “O Novo Mundo nos músculos / Sente a seiva do porvir.” (Castro Alves)
(B) “Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o sabiá”(Gonçalves Dias)
(C) “A terra é mui graciosa / Tão fértil eu nunca vi.”(Murilo Mendes)
(D) “Irás a divertir-te na floresta, / sustentada,Marília, no meu braço”(Tomás Antônio Gonzaga)
(E) “Todos cantam sua terra / Também vou cantar aminha” (Casimiro de Abreu)

 (UFLA) Leia o texto para responder à questão.

ESTA TERRA É MUITO FORMOSA

Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista1, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas2 brancas; e a terra por cima toda chã3 e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é tudo praia-palma4, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho5, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
E que não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute6, isso bastaria. Quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento7, da nossa santa fé.
(In Jaime Cortesão, org. A Carta de Pero Vaz de Caminha, p.239)

1 houvemos vista: pudemos ver
2 delas… delas: umas… outras
3 chã: plana
4 praia-palma: segundo J. Cortesão, pode significar “toda praia, como a palma, muito chã e muito formosa”
5 Minho: nome de uma região de Portugal
6 Calecute: cidade da Índia para onde se dirigiam os portugueses
7 acrescentamento: difusão, expansão

19.Embora tenha caráter informativo e descritivo, a Carta possui características quase sempre fantasiosas. Indique a causa de o Novo Mundo ter sido posto à altura da lenda do paraíso perdido:
(A) O escrivão criou uma discussão histórica em torno da intencionalidade ou não da conquista de Cabral.
(B) No esforço de catalogar a vegetação, o clima, o autor passeia pela geografia, botânica, zoologia, de maneira vaga.
(C) Caminha se revela um mestre na fixação de pormenores; é inegável sua fluência literária.
(D) A produção informativa constitui a primeira visão da terra virgem, intocada pela civilização estranha. A terra, para ele, era fértil e abençoada por Deus.
(E) O autor limitou-se a escrever um registro impessoal, marcado pela intenção de informar, apesar do tom ufanista do texto.

(UFLA) Leia o texto para responder à questão.

ESTA TERRA É MUITO FORMOSA

Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais contra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista1, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas vermelhas, delas2 brancas; e a terra por cima toda chã3 e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é tudo praia-palma4, muito chã e muito formosa.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho5, porque neste tempo de agora os achávamos como os de lá.
Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.
Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.
E que não houvesse mais que ter aqui esta pousada para esta navegação de Calecute6, isso bastaria. Quanto mais disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento7, da nossa santa fé.
(In Jaime Cortesão, org. A Carta de Pero Vaz de Caminha, p.239)

1 houvemos vista: pudemos ver
2 delas… delas: umas… outras
3 chã: plana
4 praia-palma: segundo J. Cortesão, pode significar “toda praia, como a palma, muito chã e muito formosa”
5 Minho: nome de uma região de Portugal
6 Calecute: cidade da Índia para onde se dirigiam os portugueses
7 acrescentamento: difusão, expansão

20. A Carta é considerada a “certidão de nascimento” do Brasil porque
(A) contém as primeiras informações oficiais sobre o Brasil.
(B) marca o início da literatura brasileira.
(C) foi escrita nos primórdios do descobrimento.
(D) denota inegável fluência literária de seu autor.
(E) as descrições constituem informações precisas do lugar.

21.(UFLA) O sentimento ufanista relacionado à fertilidade do solo brasileiro, presente na Carta de Caminha, difere do entusiasmo em relação aos resultados atuais da agricultura, porque um e outro baseiam-se em

Século XVI Século XXI
(A) engrandecimento otimismo
(B) imaginação audácia
(C) exaltação convicção
(D) idealização precisão
(E) romantismo expectativa

A Carta de Pero Vaz de Caminha

De ponta a ponta é toda praia rasa, muito plana e bem formosa. Pelo sertão, pareceu nos do mar muito grande, porque a estender a vista não podíamos ver senão terra e arvoredos, parecendo-nos terra muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro nem prata, nem nenhuma coisa de metal, nem de ferro; nem as vimos. Mas, a terra em si é muito boa de ares, tão frios e temperados, como os de Entre-Douro e Minho, porque, neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas e infindas. De tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem.

(In: Cronistas e viajantes. São Paulo: Abril Educação, 1982. p. 12-23. Literatura Comentada. Com adaptações)

22.(FGV) A respeito do trecho da Carta de Caminha e de suas características textuais, é correto afirmar que:

a) No texto, predominam características argumentativas e descritivas.

b) O principal objetivo do texto é ilustrar experiências vividas através de uma narrativa fictícia.

c) O relato das experiências vividas é feito com aspectos descritivos.

d) A intenção principal do autor é fazer oposição aos fatos mencionados.

e) O texto procura despertar a atenção do leitor para a mensagem através do uso predominante de uma linguagem figurada.

23. (AEU-DF) Julgue os itens abaixo em relação à compreensão e à interpretação do texto.

( ) O texto lido é uma descrição bem objetiva da terra descoberta.

( ) Nele, Caminha menciona as duas principais finalidades das expedições marítimas

portuguesas: a expansão da fé católica e a descoberta de ouro e prata.

( ) Por não terem os portugueses se aventurado, até então, terra a dentro, as únicas

informações que nos dá do interior são as transmitidas pelos indígenas.

( ) No entender do autor, mesmo que Portugal não explorasse e colonizasse a nova

terra, tê-la unicamente como suporte das viagens às Índias, já seria uma grande

dádiva.

( ) Para Caminha, o maior bem a que se deviam dedicar os portugueses é aquele que

deriva das águas, tamanha a sua abundância na nova terra.

( ) O “será salvar a gente” é o que os soldados portugueses deveriam fazer para evitar

que tribos indígenas mais fortes dizimassem outras menores e mais frágeis.

 24. (AUE-DF)  Julgue os itens que seguem, em relação à teoria literária e aos estilos de época

na Literatura Brasileira.

( ) Este texto, por se tratar de uma missiva, tem característica oratórias.

( ) A Carta, de Pero Vaz de Caminha, é o primeiro de uma série de textos no nosso

primeiro século, que constituem a “Literatura de Informação” do Brasil.

( ) As constantes inversões e a sintaxe rebuscada da Carta é uma característica da literatura

clássica do período, quase já uma transição do Renascimento para o Barroco.

( ) Ainda dentro do Humanismo renascentista, que tinha o homem no centro de tudo,

vemos a preocupação de Caminha com o silvícola brasileiro e a preservação de sua

cultura.

Cefet-RJ

“A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Nem estima nenhuma coisa cobrir nem mostrar suas vergonhas; e estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. (…) Porém a terra em si é de muito bons ares, (…). E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem.”

25. O texto acima apresenta fragmentos:

a) do “Diálogo sobre a conversão dos gentios”, do Pe. Manuel da Nóbrega.

b) das “Cartas” dos missionários jesuítas, escritas nos dois primeiros séculos.

c) da “Carta” de Pero Vaz de Caminha a El-Rey D. Manuel, referindo-se ao descobrimento de uma nova terra e às primeiras impressões do aborígene.

d) da “Narrativa Epistolar e os Tratados da Terra e da Gente do Brasil”, do jesuíta Fernão Cardim.

e) do “Diário de Navegações”, de Pero Lopes de Souza, escrivão do primeiro colonizador, o de Martim Afonso de Souza.

U.F. Santa Maria-RS

“As águas são muitas, infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem! Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve alcançar.”

Visões otimistas sobre as potencialidades da natureza e dos indivíduos, a exemplo do que

se verifica no trecho transcrito, são comuns durante o período colonial.

26.Assinale a alternativa que identifica os textos que transmitiam esse tipo de mensagem.

a) Biografias de santos.

b) Sermões eucarísticos.

c) Ficção regionalista.

d) Literatura informativa.

e) Gênero lírico.

27.(UFRS)  Leia o texto abaixo, extraído da Carta de Pero Vaz de Caminha.

“O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, bem vestido, com um colar de ouro mui grande ao pescoço, e aos pés uma alcatifa* por estrado. (…) Entraram. Mas não fizeram sinal de cortesia, nem de falar ao Capitão nem a ninguém. Porém um deles pôs olho no colar do Capitão, e começou de acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizendo que ali havia ouro. (…) Viu um deles umas contas de rosário, brancas; acenou que lhas dessem, folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço. Depois tirou-as e enrolou-as no braço e acenava para a terra e de novo para as contas e para o colar do capitão, como dizendo que dariam ouro por aquilo.”

Vocabulário: *alcatifa – tapete.

Considere as seguintes afirmações sobre o texto.

I. As palavras de Caminha evidenciam o confronto entre civilização e barbárie vivenciado pelos portugueses na chegada ao Brasil.

II. A interpretação que o escrivão dá aos gestos do índio em relação ao colar do Capitão

corrobora a intenção dos portugueses em explorar as possíveis jazidas de ouro da terra recém descoberta.

III. No trecho selecionado, Caminha sugere uma prática que viria a se tornar corrente nas relações entre portugueses e selvícolas: o escambo (a permuta) de produtos da terra por artigos manufaturados europeus.

Quais estão corretas:

a) Apenas I.

b) Apenas II e III.

c) Apenas II.

d) I, II e III.

e) Apenas I e II.

28. (Ufrs) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações a seguir sobre a Literatura de Informação no Brasil.
( ) A carta de Pero Vaz de Caminha, enviada ao rei D. Manuel I, circulou amplamente entre a nobreza e o povo português da época.
( ) Os textos informativos apresentavam, em geral, uma estrutura narrativa, pois esta se adaptava melhor aos objetivos dos autores de falar das coisas que viam.
( ) Os textos que informavam sobre o Novo Mundo despertavam grande curiosidade entre o público europeu, estando os de Américo Vespúcio entre os mais divulgados no início do século XVI.
( ) Pero de Magalhães Gandavo é o autor dos textos “Tratado da Terra do Brasil” e “História da Província Santa Cruz a que Vulgarmente chamamos de Brasil”.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
a) V – F – V – V.
b) V – F – F – F.
c) F – V – V – V.
d) F – F – V – V.
e) V – V – F – F.

29. (Enem ) De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares […]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente.

Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.

A Carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo:

a.Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos

b. Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.

c.Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.

d.Realçar a pobreza dos habitantes nativos para demarcar a superioridade europeia.

e.Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho.

(UFSC )

E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de encobrir suas vergonhas as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas. […]
Deduzo que é gente bestial e de pouco saber, e por isso tão esquiva. Mas apesar de tudo isso andam bem curados, e muito limpos. E naquilo ainda mais me convenço que são como aves, ou alimárias montesinas. […]
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a vossa fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. […]
Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão ir ouvir missa e sermão naquele ilhéu. […] E assim foi feito. Mandou armar um pavilhão naquele ilhéu, e dentro levantar um altar mui bem arranjado. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual disse o padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes que todos assistiram, a qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção. […]
Enquanto assistimos à missa e ao sermão, estaria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos, como a de ontem, com seus arcos e setas, e andava folgando. E olhando-nos, sentaram. E depois de acabada a missa, quando nós sentados atendíamos a pregação, levantaram-se muitos deles e tangeram corno ou buzina e começaram a saltar e dançar um pedaço. […]
O melhor fruto que se pode tirar desta terra me parece ser salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente de que Vossa Alteza deve lançar nesta terra.

PERO Vaz de Caminha. Carta à D. Manuel (excertos). In: Enciclopédia Itaú Cultural de arte e cultura brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa7833/pero-vaz-de-caminha&gt;. Acesso em: 30 jun. 2017.

30.Sobre a carta de Pero Vaz de Caminha e o contexto da expansão ultramarina portuguesa, é correto afirmar que:

(01)na carta, é possível identificar choque e estranhamento entre as diferentes culturas, assim como perceber a iniciativa portuguesa de tomar posse da terra.

(02)apesar dos rituais católicos descritos na carta, a Igreja Católica não apoiava a iniciativa das navegações portuguesas porque contrariava princípios da instituição sobre as explorações do mundo.

(04)no relato do autor, há referências aos habitantes como seres que, na sua visão, seriam selvagens.

(08)a mais conhecida das cartas relacionadas à expedição de Pedro Álvares Cabral é a de Pero Vaz de Caminha, que relata a estada da tripulação durante o tempo em que esteve aportada nas terras encontradas.

(16)movida pelo grande interesse sobre as terras descobertas, parte da tripulação daquela expedição não seguiu viagem, garantindo assim a posse do lugar ao reino português.

(32)a carta de Pero Vaz de Caminha reproduz fielmente o que aconteceu durante a estada da armada de Pedro Álvares Cabral, já que esta era a função de Caminha como escrivão.

(64)fica evidente, pela descrição do autor, o respeito da Coroa portuguesa em relação às crenças e aos costumes dos habitantes da terra.

SOMA: 01+ 04 + 08 = 13

31. (Mackenzie) Enquanto os portugueses escutavam a missa com muito “prazer e devoção”, a praia encheu-se de nativos. Eles sentavam-se lá surpresos com a complexidade do ritual que observavam ao longe. Quando D. Henrique acabou a pregação, os indígenas se ergueram e começaram a soprar conchas e buzinas, saltando e dançando (…) Náufragos Degredados e Traficantes (Eduardo Bueno)

Este contato amistoso entre brancos e índios era preservado:

a) pela Igreja, que sempre respeitou a cultura indígena no decurso da catequese.

b) até o início da colonização quando o índio, vitimado por doenças, escravidão e extermínio, passou a ser descrito como sendo selvagem, indolente e canibal.

c) pelos colonos que escravizaram somente o africano na atividade produtiva de exportação.

d) em todos os períodos da História Colonial Brasileira, passando a figura do índio para o imaginário social como “o bom selvagem e forte colaborador da colonização”.

e) sobretudo pelo governo colonial, que tomou várias medidas para impedir o genocídio e a escravidão.

32. (Uff) A “Carta de Pero Vaz de Caminha”, escrita em 1500, é considerada como um dos documentos fundadores da Terra Brasilis e reflete, em seu texto, valores gerais da cultura renascentista, dentre os quais se destaca:

a) a visão do índio como pertencente ao universo não religioso, tendo em conta sua antropofagia;

b) a informação sobre os preconceitos desenvolvidos pelo renascimento no que tange à impossibilidade de se formar nos trópicos uma civilização católica e moderna;

c) a identificação do Novo Mundo como uma área de insucesso devido à elevada temperatura que nada deixaria produzir;

d) a observação da natureza e do homem do Novo Mundo como resultado da experiência da nova visão de homem, característica do século XV;

e) a consideração da natureza e do homem como inferiores ao que foi projetado por Deus na Gênese.

33. O culto à natureza, característica da literatura brasileira, tem sua origem nos textos da literatura de informação. Assinale o fragmento da carta de Caminha que já revela a mencionada característica.

a) Viu um deles umas contas rosário, brancas; acenou que lhes dessem, folgou muito com elas, e lanço-as ao pescoço.

b) Assim, quando o batel chegou a foz do rio, estavam ali dezoito ou vinte homens pardos todos nus sem nenhuma roupa que lhes cobrisse suas vergonhas.

c) Mas a terra em si é muito boa de ares, tão frios e temperados como os de Entre-Douro e Minho, porque, neste tempo de agora, assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas e indefinidas. De tal maneira é graciosa e querendo aproveita-las, dar-se-à nela tudo por bem das águas que tem.

d) Porém o melhor fruto, que dela se pode tirar, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.

e) Mostrara-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo, tornaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como quem diz que os estavam ali.

34.  (PUC-CAMPINAS ) Texto para a questão. Do Brasil descoberto esperavam os portugueses a fortuna fácil de uma nova Índia. Mas o pau-brasil, única riqueza brasileira de simples extração antes da “corrida do ouro” do início do século XVIII, nunca se pôde comparar aos preciosos produtos do Oriente. […] O Brasil dos primeiros tempos foi o objeto dessa avidez colonial. A literatura que lhe corresponde é, por isso, de natureza parcialmente superlativa. Seu protótipo é a carta célebre de Pero Vaz de Caminha, o primeiro a enaltecer a maravilhosa fertilidade do solo. MERQUIOR, José Guilherme. De Anchieta a Euclides: breve história da literatura brasileira. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1977. p. 3-4.

Uma vez que se considere que o conceito de literatura, compreendida como um autêntico sistema, supõe a presença ativa de escritores, a publicação de obras e a resposta de um público, entende-se que:

I. ainda não ocorreu no Brasil a vigência plena de um sistema literário, capaz de expressar aspectos mais complexos de nossa vida cultural.

II. os primeiros documentos informativos sobre a terra a ser colonizada devem ser vistos como manifestações literárias esparsas, ainda não sistemáticas.

III. a carta de Caminha e os textos dos missionários jesuíticos fazem ver desde cedo a formação de um maduro sistema literário nacional.

Atende ao enunciado o que está apenas em:

a) I.

b) II

c) III.

d) I e II.

e) II e III.

Qual é o principal aspecto da colonização brasileira presente nas palavras de Pero Vaz?

A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo: A Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.

Como o Brasil foi descrito por Pero Vaz de Caminha?

Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos.

Que aspectos dos indígenas Pero Vaz de Caminha descreve nesse trecho?

Resposta verificada por especialistas. Em sua carta para o rei de Portugal, Pero Vaz de Caminha descreve a aparência do indígena com espanto, selvageria, com resistência física proeminente, saudáveis e inocentes.

Que aspectos do novo território Pero Vaz de Caminha descreve em sua carta a El Rei Dom Manuel?

Ele documenta a composição física à primeira vista do território. Além disso, narra o episódio do desembarque dos portugueses na praia, o primeiro encontro entre os índios e os colonizadores, e a primeira missa realizada no Brasil.