Segundo o texto porque o termo descobrimento passou a sofrer críticas no final do século 20

As viagens de Cristóvão Colombo se inserem no quadro da expansão marítima e comercial europeia. A Europa do século XV era uma sociedade que ainda sofria perturbações econômicas e sociais causadas pelas devastações da Peste Negra. Era pequena na oferta de mão de obra; as rendas da aristocracia haviam decaído; os monarcas e os nobres competiam por poder e recursos.

“Era também uma sociedade que se sentia ameaçada em suas fronteiras orientais pela presença hostil do Islã e pelo avanço dos turcos otomanos. Era também uma (…) sociedade aquisitiva em seu desejo de objetos de luxo e iguarias exóticas, e de ouro que permitisse comprar esses artigos do Oriente com quem ela tinha um saldo comercial permanentemente desfavorável.” (ELLIOT, 2004)

A Península Ibérica estava geograficamente bem situada para assumir a liderança de um movimento de expansão para o oeste, numa época em que a Europa estava sendo bloqueada em suas fronteiras orientais. Havia ainda, uma tradição marítima ibérica, tanto no Mediterrâneo quanto no Atlântico, que permitiu aos pescadores portugueses, bascos e cantábrios acumular uma rica experiência na construção de navios, nas técnicas de navegação permitindo navegar em águas desconhecidas e sem avistar terra apenas observando os astros e fazendo uso de instrumentos – o astrolábio, o quadrante e a bússola – para medir as distâncias, determinar a latitude e marcar a direção em um mapa.

  • BNCC: 7° ano. Habilidades: EF07HI09, EF07HI13 
  • BNCC: Ensino Médio. Habilidades: EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS601

CONTEÚDO

  • Canárias: ensaio espanhol para as grandes navegações
  • Colombo e seu projeto de navegação
  • Primeira viagem (1492-1493)
  • Rivalidade entre Portugal e Espanha
  • Segunda viagem (1493-1496)
  • Terceira viagem (1498-1500)
  • Quarta viagem (1502-1504)
  • A polêmica do ‘descobrimento/ descoberta’
  • Fonte

Canárias: ensaio espanhol para as grandes navegações

O empreendimento marítimo espanhol não começou com Colombo, mas com a ocupação das ilhas Canárias nas décadas de 1480 e 1490. O arquipélago, na costa ocidental africana, era objeto de disputa entre Portugal e Castela. Sua posição geográfica o tornava base tanto para as incursões à costa africana quanto para as viagens de exploração pelo Atlântico.

Em 1478, a Coroa de Castela enviou uma expedição para ocupar a Grande Canária. A essa seguiu-se a expedição de 1482, mais bem-sucedida. No entanto, a forte resistência dos habitantes da ilha impediu uma ocupação efetiva. A ilha de Palma só foi subjugada em 1492, e Tenerife, um ano depois.

A conquista, como aconteceu nos Açores portugueses, foi seguida de exploração. Os genoveses ajudaram a introduzir o cultivo de cana-de-açúcar. Por volta de 1520 já havia doze grandes plantações canavieiras somente na ilha Grande Canária.

Colombo e seu projeto de navegação

O genovês Cristóvão Colombo tinha experiência em navegação: já navegara até a Islândia, a ilha da Madeira e a costa ocidental da África que, então, os portugueses começavam a explorar. Estava convencido de que poderia atingir as Índias navegando em direção a Oeste e, portanto, dando a volta no mundo. Só não calculava que o mundo fosse tão grande.

Em 1483, apresentou seu projeto ao rei D. João II, de Portugal e, no ano seguinte, à Ricardo III, da Inglaterra. Ambos os reis rejeitaram. Em 1486, submeteu o projeto ao Colégio Dominicano de Salamanca que, depois de dois anos de estudos, vetou-o alegando que a Terra era plana.

Colombo voltou a Portugal, em 1488, sendo recebido várias vezes por D. João II. Quando as negociações pareciam bem encaminhadas, Bartolomeu Dias retornou a Lisboa, em dezembro daquele ano, anunciando que conseguira dobrar o Cabo das Tormentas, rebatizando-o de Cabo da Boa Esperança. Estava aberto o caminho para as Índias pela rota do Oriente. Colombo deixou Lisboa.

Quatro anos depois, em 1492, os mouros (muçulmanos) foram finalmente expulsos da Espanha. Nesse mesmo ano, a ilha de Palma, no arquipélago das Canárias foi finalmente subjugada. As conquistas entusiasmaram a rainha que deu sua aprovação para o projeto de Colombo de chegar às Índias a partir do Oeste atravessando o oceano.

Em 17 de abril de 1492, Colombo assinou com os reis espanhóis as Capitulações de Santa Fé, documentos que autorizavam, sem financiamento, a expedição de Cristóvão Colombo e a “descobrir e adquirir ilhas e territórios continentais no Mar Oceano” – na verdade, “conquistar”, isto é, procurar e ocupar terras atrativas.  Colombo ainda recebeu uma série de privilégios e títulos, incluindo: almirante, governador, vice-rei e 10% da riqueza obtida na expedição.

Primeira viagem (1492-1493)

Segundo o texto porque o termo descobrimento passou a sofrer críticas no final do século 20

Roteiro da primeira viagem de Colombo à América.

A expedição de Colombo partiu do porto de Palos em 3 de agosto de 1492 formado pela nau Santa Maria e as caravelas Pinta e Niña. A tripulação era composta por 87 homens.

Foram setenta dias de viagem até, finalmente, na madrugada de sexta-feira, 12 de outubro de 1492, o marinheiro Rodrigo de Triana, da caravela Pinta, gritar “Terra à vista!”.

Colombo registrou em seu diário:

“Às duas horas da madrugada surgiu terra, da qual estariam apenas duas léguas de distância. Arriaram todas as velas e ficaram só com a da popa (…) chegando a uma ilhota que em língua de índios se chamava “Guanahani”. Logo apareceu gente nua, e o Almirante saiu rumo à terra de barco (…) O Almirante empunhou a bandeira real e os comandantes as duas bandeiras da Cruz Verde (…). Ao desembarcar viram árvores muito verdes, muitas águas e frutas de várias espécies. (…) diante de todos, tomava posse da dita ilha em nome de El-Rei e da Rainha, seus soberanos (…). Logo se viram cercados por vários habitantes da ilha.”  (COLOMBO: 1999, p.51-52).

A localização exata da ilha de Guanahani é complexa devido ao fato de o livro de bordo de Colombo ter-se perdido e a única evidência disponível encontrar-se no resumo realizado por Bartolomé de las Casas.

A ilha de Guanahani, batizada de São Salvador, era habitada pelos Tainos. No diário, Colombo refere-se a eles como “índios” – palavra que logo generalizou-se para todos os habitantes da América e que deriva do erro dos navegadores que pensavam ter atingido o continente asiático, isto é, as Índias.

Segundo o texto porque o termo descobrimento passou a sofrer críticas no final do século 20

Uma das ilhas marcadas com um círculo podem ter sido a Guanahani avistada por Colombo

Colombo seguiu viagem chegando a uma segunda ilha, batizada com o nome de Juana (atual Cuba) e depois a Hispaniola (atual São Domingo) onde a nau Santa Maria colidiu e danificou-se seriamente. Com o madeiramento do navio, foi construído uma feitoria fortificada chamada “Natal”. Ali foram deixados 40 homens.

Em janeiro de 1493, Colombo voltou à Espanha na caravela Niña, chegando em março sendo recebido com todas as honras. Foi seu momento de maior glória.

Rivalidade entre Portugal e Espanha

A viagem de Colombo, aparentemente bem-sucedida para atingir as Índias, intensificou a disputa entre os reis ibéricos pela conquista de novas terras e caminhos marítimos. Os Reis Católicos pediram a intervenção do complacente papa espanhol Alexandre VI que, em 4 de maio de 1493, outorgou a Bula Inter Caetera.

Pelos seus termos, a bula determinava a divisão de “todas e quaisquer ilhas e continentes encontrados e a encontrar” por meio de um meridiano situado a 100 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde: o que estivesse a oeste do meridiano seria espanhol, e o que estivesse a leste, português.

A bula não agradou Portugal que contestou e exigiu um novo acordo, o que levaria ao Tratado de Tordesilhas assinado em 7 de junho de 1494. A bula, contudo, deu à Espanha, mesmo que por pouco tempo, primazia na arena internacional e foi sob ela que ocorreu a segunda viagem de Colombo.

Segunda viagem (1493-1496)

Segundo o texto porque o termo descobrimento passou a sofrer críticas no final do século 20

Roteiro da segunda viagem de Colombo à América

O objetivo da segunda viagem era estabelecer a presença espanhola nos territórios descobertos e encontrar o caminho para a Índia e a China.  Colombo recebeu uma frota de 17 navios com 1200 homen, entre eles, soldados, marinheiros, nobres aventureiros, artesãos e agricultores. A ênfase era, então, a colonização das terras.

Colombo percorreu as ilhas do Caribe que já conhecia, Juana (Cuba) e Hispaniola (São Domingo), e atingiu as ilhas de Dominica, Guadalupe, São João Batista (atual Porto Rico) e Santiago (Jamaica).

Em Hispaniola encontrou o Forte Natal destruído e seus homens mortos por um ataque ordenado por Caonabo, chefe do povo Caribe. Ali Colombo fundou, em 1494, La Isabela, a primeira cidade fundada pelos espanhóis na América. Ali os colonos deveriam plantar suas culturas, criariam seu gado e instalariam armazéns bem defendidos para guardar as riquezas a serem enviadas à Espanha.

Contudo, a quantidade de ouro que devia provir do escambo com os indígenas foi desapontadora. Colombo, ansioso por justificar os investimentos a seus soberanos, tentou complementar a insuficiência com outra mercadoria: os próprios indígenas. Enviou tainos para a Espanha para serem vendidos como escravos.

A relação com os indígenas mudou. Os escritos desta viagem registraram, também, violência sexual contra mulheres indígenas.

Terceira viagem (1498-1500)

Segundo o texto porque o termo descobrimento passou a sofrer críticas no final do século 20

Roteiro da terceira viagem de Colombo à América.

Em sua terceira viagem, Colombo navegou as costas da atual Venezuela atingindo a ilha de Trinidad e a foz do rio Orinoco. Chamou toda a região de Terra de Gracias pela bondade dos nativos. Pela primeira vez, Colombo se aproximara do continente propriamente dito.

Retornou à Hispaniola onde foi feito prisioneiro pelos espanhóis descontentes com seu comando e pela falta de riquezas que supostamente encontrariam. Colombo voltou acorrentado à Espanha, onde permaneceu preso em Cádiz por seis semanas, até os reis mandarem libertá-lo. Mas ele perdera prestígio e poderes.

Quarta viagem (1502-1504)

A essa altura, era grande o ceticismo dos reis com relação à Colombo e seu projeto de chegar às Índias pelo Oeste. A quarta e última expedição foi feita com uma série de proibições, como a de Colombo não pisar em Hispaniola.

O objetivo desta viagem era encontrar o Estreito de Málaca, um corredor marítimo que une o Oceano Índico ao mar da China e, pelo qual, ele chegaria às Índias que se acreditava, então, estarem próximas das terras por ele descobertas.

Segundo o texto porque o termo descobrimento passou a sofrer críticas no final do século 20

Roteiro da quarta viagem de Colombo à América (à esquerda). O objetivo da viagem era encontrar o Estreito de Málaca (à direita), na Ásia, um corredor marítimo que une o Oceano Índico ao mar da China.

Colombo explorou as costas da América Central percorrendo o litoral das atuais Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá. Regressou a Espanha sem apresentar qualquer esperança de atingir as Índias.

Poucos dias depois de chegar à Espanha, a rainha Isabel morreu. Sem sua última aliada, Colombo ficou desprotegido. Faleceu um ano e meio depois, em maio de 1506 acreditando que havia chegado a regiões periféricas do continente asiático.

Naquela altura, Américo Vespúcio, já havia realizado sua viagem à América e, em 1503, publicou o livro “Mundo Novo” em que afirmava que as terras encontradas por Colombo não faziam parte da Ásia, mas de um continente desconhecido dos europeus. Em abril de 1507, um ano e meio depois da morte de Colombo, o mapa Universalis Cosmographia do cartógrafo alemão Martin Waldseemüller trazia, pela primeira vez, o nome “América” para chamar as terras descobertas por Colombo.

Segundo o texto porque o termo descobrimento passou a sofrer críticas no final do século 20

Mapa de Martin Waldseemuller de 1507, o primeiro a incluir o nome América.

A polêmica do “descobrimento / descoberta”

A historiografia latino-americana e ibérica emprega os termos “descobrimento” e “descoberta” desde o século XIX para se referir á chegada dos primeiros europeus à América e ao início da colonização desde continente. O termo, contudo, passou a sofrer críticas no fim do século XX por seu caráter eurocêntrico e forte cunho ideológico.

Isso porque o sentido etimológico dessas palavras refere-se àquilo que está sendo encontrado pela primeira vez, que ninguém nunca encontrou antes. O que, ao ser empregado com relação às conquistas empreendidas pelos europeus, dá a entender que esses tinham direito de estar nesses lugares – a América, a África e a Ásia –, já que teriam sido os primeiros a chegar e, portanto, os termos legitimariam culturalmente o domínio e a colonização daqueles continentes.

O sentido tradicional de “descobrimento” e “descoberta” desconsidera por completo a existência de povos nativos muito anteriores à chegada de Colombo. A América já fora descoberta e povoada pelos primeiros seres humanos que chegaram ao continente há 14 ou 20.000 anos atrás.

Segundo o texto porque o termo descobrimento passou a sofrer críticas no final do século 20

Américo Vespúcio desperta a “América”, imagem gravada em 1638 reflete a ideia eurocêntrica de que a América foi “descoberta” pelos europeus.

Além disso, Colombo não teria sido o primeiro europeu a atingir a América. Há evidências de um assentamento viking na ilha de Terra Nova, Canadá, datado do século X d.C. É provável, também, que já houvessem marinheiros europeus na costa do Labrador conforme registros comerciais da produção de óleo de baleia feita por marinheiros bascos.

Segundo relatos escritos do norte da África e a história oral dos djelis do Mali, no século XIV, o mansa (rei) Abubakari, do Império do Mali, teria mandado uma expedição ao Atlântico e alcançado a costa da América. Nesta linha de povos não europeus pioneiros na chegada à América há outras hipóteses que variam entre chineses, polinésios, fenícios, egípcios e marroquinos.

O historiador Tzvetan Todorov dá um sentido inovador àqueles conceitos: o da descoberta do Outro, do choque que é entrar em contato com uma cultura totalmente diferente. Para Todorov, a descoberta e a conquista da América representaram a descoberta dos americanos pelos europeus e vice-versa.

Falar em “encontro de culturas” (dando a ideia de um simpósio entre conquistadores e conquistados) ou “choque de culturas” (transformando algo tão complexo como um acidente de carro) são também eufemismos para disfarçar um dos maiores genocídios e etnocídios da história. A tendência atual da historiografia é um enfoque que ressalte o sentido de conquista e violência impregnados na colonização.

As palavras “povoamento” e “ocupação” são, também criticados por escamotear o grande contingente populacional indígena que habitava a região e estava sendo deslocado ou exterminado para a formação de vilas, fazendas, áreas de extração e mineração.

Seja como for, o feito de Colombo é um dos acontecimentos que definem o início da Era Moderna. Abriu caminho para outras viagens e para um conhecimento geográfico mais amplo do planeta. Marcou um novo capítulo na história da expansão europeia levado a cabo pela guerra de extermínio. Neste sentido, no lugar de “descobrimento” teria ocorrido o “encobrimento” de várias culturas indígenas.

Segundo o texto porque o termo descobrimento passou a sofrer críticas no final do século 20

Foram quatro viagens durante 12 anos com o mesmo objetivo: atingir as Índias pelo Oeste. Colombo morreu acreditando que chegara na periferia da Ásia. Anos depois, a expedição de Fernão de Magalhães e Sebastião El Cano (1519-1522) conseguiu provar que o projeto de Colombo estava certo mas era, praticamente, inviável.

Fonte

  • COLOMBO, Cristóvão. Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1999.
  • ELLIOT, J. H.  “A conquista espanhola e a colonização da América”. In: BETHEL, Leslie (org.). A América Latina Colonial, v. 1. São Paulo: Edusp; Brasília, DF: Fundação Alexandre de Gusmão, 2004.
  • BERNAND, Carmen; GRUZINSKI, Serge. História do Novo Mundo. V. 1: da descoberta à conquista. São Paulo: EDUSP, 1997.
  • BOORSTIN, Daniel J. Os descobridores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989.
  • ATALI, Jacques. 1492. Os acontecimentos que marcaram o início da era moderna. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.
  • DUSSEL, Enrique. 1492: o encobrimento do outro. A origem do mito da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1993.
  • SILVA , Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.
  • TUCK, James A., GRENIER, Robert. A 16th Century basque whaling station in Labrador. Scientific American, 1981.

Porque o termo descobrimento passou a sofrer críticas no final do século 20?

O termo, contudo, passou a sofrer críticas no fim do século XX (20) por seu caráter eurocêntrico . Isso porque o sentido etimológico dessas palavras refere-se àquilo que está sendo encontrado pela primeira vez, que ninguém nunca encontrou antes.

Por que o termo descobrimento não é adequado?

O uso do termodescobrimento” para fazer-se menção à descoberta da América foi, e ainda é, arduamente debatido pelos historiadores. A maioria deles considera que o uso do termodescobrimentonão é apropriado, uma vez que a expedição de Cristóvão Colombo não estava à procura de novas terras, mas sim da Ásia.

Qual é a crítica que podemos fazer a expressão descobrimento do Brasil?

Cada vez mais a expressãodescobrimento” está sendo questionada pelos estudiosos por não descrever com exatidão este fato histórico. Isso porque "descobrimento" é um termo eurocêntrico, uma vez que significa não haver habitantes nas terras encontradas pelos portugueses.

Por que o termo descobrimento é inadequado para fazer referência a chegada dos portugueses ao território brasileiro em 1500?

A utilização do termo descobrimento está ligada ao etnocentrismo dos portugueses, e também dos europeus. Por entenderem o mundo tendo por centro sua própria etnia, seu próprio povo, os portugueses desconsideraram que os indígenas já conheciam o território.