As teorias de Piaget, Wallon e Vygotsky sobre a autonomia intelectual podemos afirmar

Introdu��o

    Em diversos momentos de nossa vida nos deparamos com a palavra jogo, pois, encontra-se presente no cotidiano e na sociedade, e cada vez ganho maior espa�o. Os jogos e as brincadeiras s�o considerados umas das atividades mais realizadas pelas crian�as, por se tratarem de atividades prazerosas e que al�m de educativas transmitem alegria.

    Os jogos s�o considerados atividades espont�neas e volunt�rias, presentes no cotidiano das crian�as, favorecendo assim, o desenvolvimento, n�o s� f�sico, como tamb�m mental, afetivo e o social. �O jogo satisfaz as necessidades das crian�as, especialmente a necessidade de a��o.� (COLETIVO DE AUTORES apud MARQUES e KRUG, 2009). Por�m essa concep��o n�o era vista como ben�fica, haja vista, que durante muito tempo o jogo apresentava algo com pouca import�ncia sem despertar curiosidade nos mais estudiosos, sendo o jogo posto como uma atividade infantil, com pouco valor em si pr�prio.

    A pr�tica de jogos deve tentar relacionar alegria, espontaneidade, prazer e n�o constrangimento da crian�a.

    Jogo � uma atividade ou ocupa��o volunt�ria, exercida dentro de certos e determinados limites de tempo e espa�o, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigat�rias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tens�o e alegria e de uma consci�ncia de ser diferente da vida cotidiana (HUIZINGA, 2007, p. 33).

    O jogo, claro, est� presente na escola. Para a Educa��o F�sica, o jogo � considerado uma pr�tica corporal de expressividade humana.

    � importante a escolha de um jogo e dos meios adequados para oferec�-lo � crian�a, particularmente quando visamos retirar dele o maior proveito educativo. Adv�m disso a necessidade de transferir � escola as mesmas motiva��es que a crian�a encontra para jogar fora desse espa�o. (PIMENTEL, 2004, p. 57)

    Ainda no contexto da educa��o f�sica escolar, � importante ressaltar que segundo Marques e Krug (2009) � importante a utiliza��o de uma metodologia adequada para se trabalhar o jogo, pois, o mesmo trata-se de um conte�do necess�rio para o crescimento psicomotor, cognitivo e afetivo-social, valorizando sempre as experi�ncias e limita��es, e, al�m disso, permitir uma intera��o e proporcionar coopera��o entre os alunos, objetivando uma busca constante da descoberta e da aprendizagem. O jogo possibilita ao aluno transformar a realidade na qual se encontram ao mesmo tempo refletir sobre a pr�tica do jogo no sentido conceitual e atitudinal.

    Vale ressaltar a import�ncia de o educador oriente sua atua��o, no sentido de variar e aumentar o repert�rio das crian�as, tanto referente � ling��stica como tamb�m culturalmente. O professor, portanto, deve estimular o imagin�rio do aluno, para que as atividades que ser�o realizadas sejam enriquecidas, tornando-se cada vez mais complexas com as rela��es que v�o se constituindo. O educador deve ser cauteloso ao escolher uma atividade para realizar para crian�a uma vez que visa a compreens�o e conhecimento da mesma, deve ter cuidado e clareza nos objetivos. Assim o brincar deve ser considerado uma atividade fundamental para constru��o cultural e de sua personalidade.

    De acordo com o que temos como refer�ncia de jogo, fazemos uma interpreta��o de que seja igual ao ato de brincar, podendo ser expressa at� mesmo pelo comportamento do beb�, no momento em que buscam compreender os gestos, sons, imagens, ao seu redor, a partir da imita��o.

    Alguns fatores se tornam relevantes para caracterizar um jogo como: a) � de car�ter livre, n�o devendo ser imposto por uma necessidade f�sica ou por uma obriga��o moral, sendo executado nas horas livres sem compor uma tarefa. b) Faz com que deixemos a esfera real de nossa vida partindo para uma de atividade. Exemplo: a crian�a consegue/sabe diferenciar o fazer de conta da realidade. c) Tem-se presente o isolamento e a limita��o, ou seja, o jogo ganha espa�o fora da vida comum, considerando tempo e espa�o (dura��o e lugar). Quando esta praticando tudo passa a ser movimento, sucess�o, associa��o, separa��o. d) O jogo � considerado um fen�meno cultural, � mantido na mem�ria, podendo tornar-se tradi��o. e) O jogo cria ordem, mesmo por um tempo limitado. f) O jogo desenvolve uma tens�o, visto que os jogadores querem ser vitoriosos. Essa tens�o deve desenvolver um car�ter �tico, na propor��o em que o jogador, a capacidade espiritual e a lealdade s�o avaliadas.

    Desta forma, este estudo tem como objetivo abordar os jogos na concep��o de tr�s diferentes te�ricos do desenvolvimento cognitivo: Piaget, Vygotski e Wallon, de maneira que as contribui��es advindas do jogo sejam relacionadas ao desenvolvimento da crian�a. A metodologia empregada � a pesquisa bibliogr�fica, onde utilizaremos fontes j� publicadas para o levantamento de dados.

O jogo na concep��o de Piaget

    Para entender qual a concep��o de jogo para Piaget � necess�rio que conhe�amos pelo menos minimamente o que o ele estudou a respeito do desenvolvimento cognitivo.

    Por meio de seus estudos Piaget passa a acreditar que todos os seres humanos se desenvolvem passando por uma s�rie de mudan�as ordenadas e previs�veis, as quais denominaram est�gios e per�odos do desenvolvimento. Sendo assim, o desenvolvimento cognitivo de uma crian�a � visto como uma evolu��o gradativa na qual o grau de complexidade aumenta simultaneamente ao n�vel de aprendizado que vai sendo adquirido. Estes est�gios segundo Piaget s�o caracterizados a partir da maneira como cada indiv�duo interage com a realidade, ou melhor, a forma como cada pessoa organiza seus conhecimentos visando sua adapta��o, ocorrendo ent�o mudan�as significativas e progressivas nos processos de assimila��o e acomoda��o. Levando em considera��o que de acordo com os estudos piagetianos a crian�a se desenvolve a partir da inter-rela��o com o meio, foi criada a teoria do desenvolvimento intelectual por est�gios, cujo ponto de partida � o egocentrismo, em que a crian�a n�o se v� separada do mundo, ou seja, n�o considera a exist�ncia de um mundo externo. Este pode ser explicado citando uma crian�a que quando pequena n�o v� a necessidade de explicar aquilo que diz, pois est� ciente de que est� sendo entendida. Conforme a crian�a vai se desenvolvendo e o sistema n�o responde mais � novidade este tem que ser mudado, caracterizando assim o desenvolvimento da intelig�ncia. Essas mudan�as fazem com que o egocentrismo diminua devido � maior intera��o da crian�a com o meio.

    As fases do desenvolvimento cognitivo segundo Piaget s�o: sens�rio motor (0 a 2 anos), pr�-operat�rio (2 a 7 anos), operat�rio-concreto (7 a 12 anos) e operat�rio-formal (a partir dos 12 anos). No sens�rio-motor, a crian�a baseia-se principalmente em percep��es sensoriais e esquemas motores para a resolu��o de seus problemas. Neste est�gio acredita-se que a crian�a n�o tem pensamentos uma vez que n�o disp�e da capacidade de representar eventos assim como referir-se ao passado e ao futuro. � importante saber que at� ent�o a crian�a age sobre o meio por a��es reflexas, e que vai adquirindo no��es de tempo, espa�o e causalidade atrav�s do conv�vio tido com o ambiente. A etapa pr�-operat�ria � caracterizada pelo aparecimento da linguagem oral e � a partir da� que a crian�a come�a a formar esquemas simb�licos com os quais a mesma consegue substituir a��es, pessoas, situa��es e objetos por s�mbolos (palavras). O pensamento nesta fase do desenvolvimento � conhecido como pensamento egoc�ntrico (pensamento n�o flexivo, que tem como ponto de refer�ncia a pr�pria crian�a; uma de suas caracter�sticas � a atribui��o de sentimentos e inten��es a coisas e animais - animismo) e as a��es s�o irrevers�vel, ou seja, a crian�a n�o consegue perceber que � poss�vel retornar mentalmente ao ponto de partida. � no est�gio pr�-operat�rio que o pensamento l�gico e objetivo adquirem preponder�ncia e as a��es se tornam revers�veis, portanto m�veis e flex�veis. O pensamento passa a ser menos egoc�ntrico e a crian�a consegue construir um conhecimento mais compat�vel com o mundo que a rodeia (sem mistura do real com o fant�stico). Por fim, na etapa operat�rio-formal o pensamento se torna livre das limita��es da realidade concreta, o que faz com que a crian�a consiga trabalhar com a realidade poss�vel al�m da realidade concreta.

    Na concep��o de Piaget, o jogo � em geral a assimila��o que se sobressai � acomoda��o, uma vez que o ato da intelig�ncia leva ao equil�brio entre a assimila��o e a acomoda��o, sendo a �ltima prorrogada pela imita��o. Conforme a crian�a vai se socializando o jogo vai adquirindo regras ou ent�o a imagina��o simb�lica se adapta de acordo com as necessidades da realidade. O s�mbolo de assimila��o individual d� espa�o �s regras coletivas, objetivos ou aos s�mbolos representativos ou a todos (NEGRINE, 1994).

    Barbosa e Botelho, em �Jogos e brincadeiras na educa��o infantil� afirmam que de acordo com Piaget as manifesta��es l�dicas acompanham o desenvolvimento da intelig�ncia uma vez que vinculam-se aos est�gios de desenvolvimento cognitivo. Seguindo a id�ia mencionada por Negrine de que na teoria piagetiana a assimila��o e acomoda��o s�o levadas ao equil�brio no ato da intelig�ncia, � cab�vel dizer que ao jogar na atividade l�dica infantil a crian�a assimila novas informa��es bem como as acomodam nas suas estruturas mentais.

    Para Piaget, o jogo constitui-se quando a assimila��o � produzida antes da acomoda��o, sendo ent�o o jogo considerado um complemento da imita��o. Considerando a imita��o, este autor reconhece a exist�ncia de seis est�gios progressivos e a partir desses est�gios define tr�s grandes tipos de estruturas mentais que surgem na evolu��o do brincar: o exerc�cio, o s�mbolo e a regra. Antes de discutir essas estruturas mentais � importante entender ainda que de forma bem simplificada os est�gios da imita��o.

Quadro 1. Est�gios da imita��o e suas caracter�sticas

As teorias de Piaget, Wallon e Vygotsky sobre a autonomia intelectual podemos afirmar

(Negrine, 1994)

    Como j� dito anteriormente, Piaget classifica os jogos em: de exerc�cio, simb�licos e de regras. Para tanto � importante lembrar que segundo este autor deve haver uma varia��o de conte�do dos jogos de acordo com a realidade do meio f�sico e social da crian�a, bem como,

    [...] o jogo procede por relaxa��o do esfor�o adaptativo, assim como por meio do exerc�cio das atividades, somente pelo prazer de domin�-las e de extrais delas um sentimento de virtuosidade ou pot�ncia. (NEGRINE, 1994, p. 4).

    Sendo assim, Piaget define jogos de exerc�cio como podendo ser jogos de exerc�cio de pensamento como jogos sens�rio-motores, sendo que ambos est�o relacionados ao prazer funcional ou �� tomada de consci�ncia de novos poderes� (XAVIER). De acordo com Negrine (1994), Piaget afirma que nos jogos de exerc�cio n�o h� necessidade de pensamento nem estrutura representativa especialmente l�dica, diferentemente do jogo simb�lico que requer a representa��o simb�lica de um objeto ausente.

    Os jogos simb�licos por sua vez, segundo Piaget citado por Barbosa e Botelho (2008), aparecem no final dos dois anos de idade, com o aparecimento da fun��o simb�lica (representa��o de um objeto ausente) quando a crian�a entra no est�gio pr�-operat�rio do desenvolvimento cognitivo. Desta forma, no jogo simb�lico a crian�a finge ser outrem, atribui novas fun��es a objetos ou se imagina em alguma situa��o. Para que aconte�a essa forma de jogo � necess�rio que a crian�a tenha desenvolvido a representa��o simb�lica uma vez que ela reproduzir� a realidade, ser� uma c�pia da mesma e em seu imagin�rio pretende viver e simular a realidade a modificando de acordo com seus interesses.

    Por fim, os jogos de regra, de acordo com Piaget aparecer�o a partir dos 4 ou 5 anos de idade, quando a crian�a larga o jogo egoc�ntrico, no entanto � somente pr�ximo dos 7 anos que a crian�a consegue verdadeiramente se submeter a regras. � neste tipo de jogo que a crian�a come�a a se adaptar com a vida em sociedade sendo que as leis (regras do jogo) que fazem com que o grupo se torne coeso e busquem um objetivo em comum: jogar. Vale lembrar que as crian�as neste momento n�o questionam as regras, apenas as cumprem.

O jogo na concep��o de Wallon

    De acordo com a teoria de Wallon o desenvolvimento humano deve ser considerado nos v�rios campos funcionais que distribuem a atividade infantil, pois a crian�a deve ser contextualizada nas rela��es com o meio. Deste modo, o desenvolvimento ir� ocorrer tanto em ambientes f�sicos como nos ambientes sociais, dois fatores importantes para a forma��o da personalidade. Esta realiza a integra��o de duas fun��es principais: a afetividade e a intelig�ncia. No in�cio do desenvolvimento a crian�a n�o v� suas intera��es separadas do parceiro, por�m com o tempo a crian�a vai perdendo esse papel e individualizando. Para Wallon o homem nasce social e vai se individualizando no decorrer do desenvolvimento.

    O desenvolvimento envolve a afetividade, motricidade e intelig�ncia. O autor enfatiza o papel da emo��o em sua teoria, visto que, atrav�s dela estabelecem v�nculos afetivos. A afetividade esta intimamente ligada � motricidade, como desencadeadora do desenvolvimento da a��o e psicol�gico da crian�a. Segundo Wallon a aquisi��o motora desempenha progressivamente um crescimento para o desenvolvimento individual, � por meio do corpo e da proje��o motora que a crian�a estabelece a primeira comunica��o com o meio, por isso a crian�a deve ter oportunidade de brincar.

    Wallon classifica infantil como sendo sin�nimo de l�dico, quer isto dizer, que o per�odo infantil � a fase, no qual predomina o l�dico e nossa criatividade de forma mais espont�nea. �Sabemos que � atrav�s das brincadeiras que as crian�as estabelecem rela��o com o meio, interagem com o outro, para construir sua pr�pria identidade e desenvolver sua autonomia.� (FREIRE et al, p.1). O brincar ir� contribuir para o crescimento da crian�a e conseq�entemente auxiliar no desenvolvimento da mesma. Assim jogo seria uma atividade voluntaria, livre da crian�a e quando imposta por outra pessoa perde-se o car�ter de jogo e passa a ser caracterizado com um trabalho ou ensino. Sendo assim, Wallon entende que o jogo comp�e aquilo que foi assimilado pelo adulto, determinando quatro fases:

  • Jogos Funcionais: S�o caracterizados por realizar movimentos simples com o corpo, por meio dos sentidos. A crian�a ir� reconhecer o prazer em executar fun��es, possibilitando de por em a��o/pr�tica as v�rias e novas aquisi��es adquiridas pela evolu��o da motricidade. Essas atividades s�o caracterizadas como �lei do efeito�, ou seja, a crian�a quando realiza uma a��o agrad�vel, ela tende a repetir buscando o prazer atrav�s da repeti��o. Exemplos: mover os dedos, tocar objetos, produzir ru�dos e sons, dobrar os bra�os ou as pernas, entre outras.

  • Jogos de Fic��o: A �nfase ser� no �faz de conta�, na situa��o imagin�ria. A crian�a ir� representar/ imitar situa��es, pap�is do seu cotidiano. Exemplos: imita os adultos, brinca de imitar a escolinha. A interpreta��o nesta atividade ser� ampliada.

  • Jogos de Aquisi��o: Quando o beb� se esfor�a para perceber, entender, imitar os gestos, os sons, imagens. Esta atividade relaciona com a capacidade de olhar, escutar e realizar esfor�os que contribuam para a compreens�o.

  • Jogos de Fabrica��o: A crian�a ir� distrair-se, se divertir com atividades manuais de criar, combinar, juntar e transformar. Estes jogos fazem parte de causa ou conseq��ncia do jogo de fic��o, podendo se confundir no mesmo. Exemplo: Quando a crian�a cria e improvisa o seu brinquedo. Esses brinquedos ser�o a maioria �vinda� da vida fict�cia.

    Os jogos s�o importantes, pois a crian�a confirma as m�ltiplas experi�ncias vivenciadas, como: memoriza��o, enumera��o, socializa��o, articula��o sensoriais, entre outras. De acordo com as id�ias de Wallon os jogos para crian�a tem papel de progress�o funcional, j� para o adulto tem papel de regress�o, uma vez que, o homem quer se desligar o mais r�pido das atividades l�dicas (deixar de ser crian�a), aproximando-se das atividades como o trabalho. Mesmo sendo visto como uma quebra �s disciplinas as crian�as n�o ignoram apenas colocam sob as necessidades das a��es l�dicas.

    � importante o papel de um adulto/educador presente em todas as fases desenvolvimento da crian�a, pois ser� capaz de intervir adequadamente no jogo infantil, estacando o progresso e possibilitando maior crescimento. Por conseguinte, o adulto deve ser um facilitador e n�o um jogador do jogo.

    Para WALLON (1979) a compreens�o infantil � uma simula��o que vai da outra pessoa a si mesmo e de si mesmo ao outro. A imita��o quando funciona como um meio para que haja essa fus�o, representa uma ambival�ncia na qual explica algumas oposi��es, no qual o jogo encontra alimento.

Concep��o de jogo para Vygotski

    Vygotski estuda o desenvolvimento humano considerando os aspectos social ou cultural dos indiv�duos e apresenta estudos sobre o papel psicol�gico do jogo para o desenvolvimento da crian�a; a palavra jogo deve ser entendida como brincadeira, Caracterizando o brincar da crian�a como imagina��o em a��o, um dos elementos fundamentais. Com isso, � importante investigar as necessidades, as motiva��es e as tend�ncias que as crian�as manifestam e como se satisfazem nos jogos, a fim de compreendermos os avan�os nos diferentes est�gios de seu desenvolvimento, segundo Negrine 1995:

    O surgimento de um mundo ilus�rio e imagin�rio na crian�a � o que, na opini�o de Vygotski, se constitui �jogo�, uma vez que a imagina��o como novo processo psicol�gico n�o est� presente na consci�ncia da crian�a pequenas e � totalmente alheia aos animais. (NEGRINE, 1995 p. 10).

    O autor acredita ainda que o brinquedo tamb�m comporta uma regra relacionada com o que est� sendo representado. Assim, quando a crian�a brinca de m�dico, busca agir de modo muito pr�ximo daquele que ela observou nos m�dicos do contexto real. A crian�a cria e se submete �s regras do jogo ao representar diferentes pap�is, n�o se importando com o ganhar ou perder, pois o fato de estar brincando j� lhe proporciona prazer. Trazendo o papel da imita��o, onde a crian�a faz aquilo que ela viu o outro fazer, mesmo sem ter clareza do significado da a��o. Aos poucos deixa de repetir por imita��o, passando a realizar a atividade conscientemente, criando novas possibilidades e combina��es. Por isso a imita��o n�o pode ser vista como uma simples repeti��o mec�nica dos movimentos e modelos, pois quando a ela age imitando est� construindo novas possibilidades e se desenvolvendo tanto psicologicamente como fisicamente.

Jogo imagin�rio e representativo das crian�as

    As crian�as representam nos jogos aquilo que vivenciam em seu dia-a-dia, como por exemplo: �mam�e e filhinha�, �policia�, �de casinha�, nesses casos ela n�o cria, mas reproduz tamb�m aquilo que v�em na m�dia, nos desenhos, seriados, filmes infantis; � evidente que quando Vygotski realizou seus estudos os meios de comunica��o n�o eram t�o avan�ados, mas conforme afirma NEGRINE, 1995, independente da �poca,

    O jogo � sempre uma atividade com objetivos, isto �, seu prop�sito decide o jogo e justificativa a atividade, sendo o objetivo o fim �ltimo, que determina duas vari�veis relevantes nos jogos da crian�a. (NEGRINE, 1995 p. 10).

    Negrine 1995 aponta que para Vygotski se por um lado o jogo tr�s certa liberdade para a crian�a, por outro est� liberdade � ilus�ria porque as crian�as est�o subordinadas ao significado das coisas e desenvolvem seu pensamento abstrato. Durante o jogo ela passa para o campo da realidade aquilo que era uma imagina��o e s�o nos jogos coletivos que elas desenvolvem o controle do seu pr�prio comportamento e depois se desenvolve o controle volunt�rio.

V�nculo do jogo com o desenvolvimento

    Para Vygotski o vinculo do jogo com o desenvolvimento � tudo aquilo que interessa � crian�a � a realidade do jogo, j� que na vida real a a��o domina o significado, no qual h� uma transfer�ncia onipresente do comportamento do jogo para a vida real. No jogo a crian�a cria uma zona de desenvolvimento proximal, isto permite que a crian�a esteja acima de sua idade m�dia, que atrav�s do jogo contem tend�ncias evolutivas que � considerada fonte de desenvolvimento.

    Segundo Vygotski a zona de desenvolvimento proximal, se refere �s fun��es, que n�o est�o totalmente amadurecidas, mas que est�o em processos. Afirma ainda que a zona de desenvolvimento proximal � que vai determinar o n�vel real desse processo em que a crian�a se encontra.

    Segundo o relato de experi�ncia de Negrine (1995) apresenta que a tentativa de realizar uma atividade sozinha sem sucesso, h� uma desist�ncia e passa a ajudar os pr�ximos, com essa coopera��o a crian�a vota em sua atividade individual, e come�a a sua pr�pria cria��o, n�o como forma de copia mas de uma forma de desenvolvimento da aprendizagem. (tentei n�o consegui sozinho, ajudo o colega observo que consigo, e volto realizar sonho minhas atividades, podendo reconstruir sozinho)

    As tarefas cooperativas pode auxiliar no desenvolvimento das crian�as, quando falamos do processo de desenvolvimento da crian�a n�o podemos esquecer as a��es dom professor, isto � qual � a rela��o do discente em rela��o aos jogos das crian�as, ate onde o professor interfere nessa cria��o. O professor pode atuar em duas situa��es, uma em normas como fechamento e outra como norma como abertura.

    A norma como fechamento � quando o professor determina tudo o que deve ser feito pela crian�a no tempo e no espa�o do jogo. Essa forma de conduzir as atividades pode ter a perca da espontaneidade das crian�as, isto � as crian�as perde a sua criatividade.

    A norma como aberta, � aquela que a atua��o do professor planeja atividades l�dicas no qual as crian�as: a) Transite em diferentes espa�os em diferentes formas. b) Vivencias corporais de diferentes formas e estilos.

    Nesse sentido Vygotski afirma que a crian�a avan�a essencialmente atrav�s de atividades l�dicas, isto � para um melhor desenvolvimento da crian�a � indicado o trabalho de norma como aberta, no qual se trabalha a ludicidade com as crian�as. O jogo imagin�rio e representativo das crian�as: situa��o imaginaria da crian�a que esta pr�xima ao real.

    A ess�ncia do jogo � a nova rela��o que se cria entre o campo do significado e o campo real que, seria a rela��o entre a imagina��o que s� existe no pensamento e situa��es reais. Para Vygotski, t�o somente uma analise interna e profunda do jogo permite determinar o percurso de suas mudan�as e seu papel no desenvolvimento. Trazendo essas informa��es para a educa��o f�sica, percebemos que � nessa disciplina que o aluno ter� mais possibilidades de trabalha essa zona de desenvolvimento, possibilitando mais vivencias com a cria��o e imagina��o.

Conclus�o

    Entre as diversas concep��es de jogo abordamos neste trabalho o jogo na percep��o de Piaget, Vygotski e Wallon. Um significado generalizado o jogo parte do principio de ser um conector entre os aspectos motores, cognitivos, afetivos e sociais. Com isso, verifica-se a import�ncia do jogar e brincar, em que a crian�a ir� �modelar� o mundo a sua volta, apropriando-se de experi�ncias, informa��es, atividades, atitudes e valores. Assim o ato motor que inicia-se na vida fetal, vai difundir-se no espa�o exterior atrav�s do ato voluntario, dando origem ao jogo.

    A crian�a vai adquirindo prazer em brincar com o corpo vai desenvolvendo uma aprendizagem progressiva de dom�nio do corpo. A primeira atividade que a crian�a desempenha � o brincar e � atrav�s desse brincar, que ser� estimulada para o mundo, sendo o inicio de uma s�rie com outras atividades que se desencadeiam � medida que se tornam a��o, levando-a a reconhecer novas formas de aprendizagem, numa dial�tica permanente entre o eu e o mundo.

    Os jogos podem a vir contribuir para o processo de forma��o do conhecimento, participando como mediador das aprendizagens significativas, ao mesmo tempo em que contribui para as atividades did�tico-pedag�gicas durante qualquer aula. No entanto, a contribui��o de jogo referente ao desenvolvimento das atividades pedag�gicas, ir� resultar da concep��o de jogo, crian�a, aprendizagem e desenvolvimento. O jogo tem o papel de despertar na crian�a a descoberta e o prazer, sendo ao mesmo tempo uma tradu��o do contexto s�cio-cultural-hist�rico refletido na cultura, ou seja, as experi�ncias.

    De acordo com a pesquisa e an�lise realizada pelo trabalho proposto percebemos as v�rias concep��es de jogo na percep��o dos pensadores: Piaget, Vygotski e Wallon, verificando a import�ncia que cada um faz do jogo para o desenvolvimento da crian�a, ao mesmo tempo em que � muito relevante para a nossa �rea de Educa��o F�sica conhecer, reconhecer e saber aplicar os tipos de jogos para as crian�as, tal como para o seu desenvolvimento, cognitivo, afetivo, motor e social.

Refer�ncias

  • EU ESCREVO � DIRET�RIO DE ARTIGOS. As concep��es de jogos para Piaget, Wallon e Vygotski. Dispon�vel em: http://www.euescrevo.com.br. Acesso em: 05 nov. 2012.

  • BARBOSA, S. L; BOTELHO, H. S. Jogos e brincadeiras na educa��o infantil. Lavras, 2008.

  • FREIRE, A. Cleudo, et al. O jogo segundo a teoria de desenvolvimento humano de Wallon. Dispon�vel em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/Pedagogia/jogo_teoria_do_desenvolvimento.pdf. Acesso em: 6 nov. 2012.

  • MARQUES, Marta N.; KRUG, Hugo, N. O jogo como conte�do da Educa��o F�sica Escolar. 2009.

  • NEGRINE, Airton. Concep��o do jogo em Piaget. In: ______ Aprendizagem & Desenvolvimento Infantil: Simbolismo e Jogo. Porto Alegre: Prodil, 1994, p. 32-45.

  • NEGRINE, Airton. Concep��o o jogo em Vygotski: uma perspectiva psicopedag�gica. Rev. Movimento, n. 02, ano 02, 1995.

  • PIMENTEL, Alessandra. Jogo e desenvolvimento profissional: an�lise de uma proposta de forma��o continuada de professores. S�o Paulo, 2004.

  • VELOSO, R. Rosangela; S�, M.V. Ant�nio. Reflex�es sobre o jogo: conceitos defini��es e possibilidades. 2009. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, N� 132. http://www.efdeportes.com/efd132/reflexoes-sobre-o-jogo.htm

  • XAVIER, Regina. A forma��o do s�mbolo. Disciplina e Teleduca��o I. Dispon�vel em: http://paginas.ucpel.tche.br/~trilhote/form_simb.html. Acesso em: 06 nov. 2012.

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Quais as teorias de Piaget Vygotsky e Wallon?

Piaget pensa o social e suas influências sobre os indivíduos pela perspectiva ética. Vygotsky, pela perspectiva cultural e Wallon, pela perspectiva cultural e afetiva. Para Piaget, o processo de pensamento é resultado dos esquemas; a linguagem é resultado do desenvolvimento dos processos mentais.

O que os teóricos Piaget Vygotsky e Wallon têm em comum quando explicam a importância da afetividade no desenvolvimento humano?

Apesar de Piaget e Vygotsky terem, em seus estudos, dado importância ao papel da Afetividade no processo de aprendizagem, foi Wallon que trabalhou mais profundamente esta questão, colocando que a vida psíquica evolui a partir de três dimensões: motora, afetiva e psíquica, que coexistem, atuam e se desenvolvem de forma ...

Quais as contribuições das teorias de Piaget e Vygotsky para as teorias de desenvolvimento e aprendizagem?

Realmente Piaget deu ênfase em seus estudos ao caráter construtivo, ou seja, das construções realizadas pelo sujeito. Já Vygotski deu ênfase aos processos de trocas, ou seja, de interação do sujeito com seu meio, principalmente seu meio social e cultural.

Qual o nome da teoria de Vygotsky e Wallon?

Wallon e Vygotsky concordam que o sujeito é determinado pelo organismo e pelo social que estrutura sua consciência, sua linguagem, seu pensamento, a partir da apropriação ativa das significações histórico-culturais.