O que é uma cirurgia de gastrectomia?

30/03/2022

Hospital Brasília Unidade Águas Claras

O estômago é um órgão importante para o sistema digestório, uma vez que abriga, por exemplo, glândulas que produzem o suco gástrico, responsável por parte da digestão dos alimentos.

Alterações como a dispepsia funcional, popularmente conhecida como gastrite, podem ser muito incômodas, mas podem ser resolvidas com medicações e mudanças de hábitos. Outras patologias, no entanto, exigem uma atenção maior devido à sua complexidade e, por isso, o ideal é – ao menor sinal de desconforto – consultar um médico para avaliar o quadro e até mesmo a necessidade de intervenções mais invasivas como a gastrectomia.

​Gastrectomia: o que é a cirurgia?

A gastrectomia é um procedimento de remoção total ou parcial do estômago, sendo indicado para o tratamento de condições que interferem na saúde do estômago, como tumores e casos específicos de obesidade.

​Quando é necessário fazer a gastrectomia?

Pode parecer estranho dizer que a remoção do estômago é uma alternativa de sobrevida e bem-estar, mas sim, é possível viver sem esse órgão.

Segundo o Dr. Arnaldo Nacarato, cirurgião do aparelho digestivo e coordenador da cirurgia geral do Hospital Brasília Unidade Águas Claras, a principal indicação para a realização da gastrectomia é o câncer de estômago.

“Essa recomendação é baseada em uma série de análises clínicas, laboratoriais e de imagem que avaliam a viabilidade do procedimento médico. Todo esse processo ajuda, inclusive, a evitar complicações."

​Quais os tipos de gastrectomia?

São três os tipos de gastrectomia e eles servem a necessidades distintas. Entenda a seguir:

Gastrectomia total x gastrectomia parcial x gastrectomia vertical

A gastrectomia total é o método indicado para pacientes que apresentam tumores no estômago, em casos em que a remoção do órgão por completo previne que a doença progrida ou tenha maiores chances de reincidência. Nesse procedimento também se faz necessário, na maioria das vezes, a realização de linfadenectomia (retirada dos linfonodos regionais).

Enquanto isso, a gastrectomia parcial é indicada para o tratamento de tumores que, devido à sua localização, apenas a retirada parcial do órgão é segura. Nesses casos, a parte preservada é ligada ao intestino delgado.

Por fim, a abordagem mais utilizada, a gastrectomia vertical, se caracteriza pela remoção de cerca de 80% do órgão a fim de tratar a obesidade por meio da perda do excesso de peso e da resolução das doenças metabólicas, como hipertensão arterial e diabetes.

Hábitos alimentares pós-gastrectomia

Independentemente do método, após a cirurgia, o paciente deve adotar cuidados com a alimentação.

Segundo o médico, “a alimentação no pós-operatório imediato deve seguir algumas restrições passadas pelo cirurgião e equipe de nutrição. A longo prazo, porém, o paciente pode seguir hábitos praticamente normais."

Após o período de recuperação, manter o acompanhamento com equipes de oncologia e cirúrgica é fundamental para a boa evolução a longo prazo.

O Hospital Brasília Unidade Águas Claras conta com uma equipe multiprofissional que oferece atendimento de excelência durante toda a linha de cuidado do paciente, passando por equipes de oncologia, cirurgia do aparelho digestivo, psicologia e nutrição.​

A cirurgia � parte do tratamento para diversos est�gios do c�ncer de est�mago, sempre que puder ser realizada. Se um paciente se encontra em est�gio 0, I, II ou III e com condi��es f�sicas suficientes, a cirurgia, muitas vezes, junto com outros tratamentos, oferece a �nica chance real de cura.  

A cirurgia pode ser realizada para retirar o tumor e parte ou a totalidade do est�mago e alguns linfonodos pr�ximos, dependendo do tipo e estadiamento da doen�a. O cirurgi�o  tentar� preservar o m�ximo poss�vel do est�mago sem doen�a. Algumas vezes outros �rg�os tamb�m precisam ser retirados.

Mesmo quando o c�ncer est� em est�gio avan�ado para ser completamente removido, a cirurgia � indicada pois previne, por exemplo, hemorragias do tumor ou a obstru��o do est�mago pelo crescimento do tumor. Este tipo de cirurgia � chamado de cirurgia paliativa, isto �, alivia os sintomas, mas n�o se espera que cure a doen�a.

O tipo de cirurgia geralmente depende da parte do est�mago envolvida e do comprometimento dos tecidos adjacentes. Diferentes tipos de cirurgia podem ser usados para tratar o c�ncer de est�mago, como:

  • Ressec��o endosc�pica da mucosa. Esse procedimento � realizado apenas para alguns tipos de c�ncer de est�mago em est�gio muito inicial, onde a chance de dissemina��o para os linfonodos � muito pequena. Nesse procedimento, o tumor � removido com o aux�lio do endosc�pio, que � inserido pela garganta at� o est�mago. Os instrumentos cir�rgicos necess�rios para retirar o tumor e parte do est�mago s�o introduzidos atrav�s do endosc�pio.
     
  • Gastrectomia subtotal. Essa cirurgia � frequentemente indicada se o c�ncer est� localizado na por��o inferior do est�mago, em algumas circunst�ncias pode ser realizada para c�nceres que est�o apenas na parte superior do est�mago. O procedimento consiste em remover apenas uma parte do est�mago, ocasionalmente, junto com uma parte do es�fago ou a primeira parte do intestino delgado (duodeno). A parte restante do est�mago � ent�o religada. O omento, camada de tecido adiposo que reveste o est�mago e intestinos, � removida, bem como os linfonodos adjacentes, e, possivelmente, o ba�o e, se for o caso, partes de outros �rg�os pr�ximos. A alimenta��o se torna mais f�cil se apenas uma parte do est�mago � removida em vez de todo o �rg�o.
     
  • Gastrectomia total. Essa cirurgia � realizada quando o c�ncer se disseminou por todo o est�mago. � tamb�m indicada se a doen�a est� localizada na parte superior do est�mago, pr�ximo do es�fago. Na gastrectomia total, � removido todo o est�mago, linfonodos pr�ximos e o omento, podendo incluir, ainda, a remo��o do ba�o e partes do es�fago, intestino, p�ncreas e outros �rg�os adjacentes. A extremidade do es�fago � ent�o ligada a uma parte do intestino delgado, criando um espa�o para o alimento ser armazenado antes de descer para o trato intestinal. Os pacientes que tiveram seu est�mago removido s� podem ingerir pequenas quantidades de alimento de cada vez, por isso devem comer v�rias vezes por dia. A maioria das gastrectomias subtotais e totais s�o realizadas atrav�s de uma grande incis�o no abdome. Est�o em andamento estudos para o uso da cirurgia laparosc�pica para esses procedimentos.


Sonda de alimenta��o

Alguns pacientes t�m dificuldade para alimentar-se ap�s a cirurgia do est�mago. Muitas vezes, a continuidade do tratamento com quimioterapia e radioterapia pode agravar esse problema. Para ajudar, uma sonda pode ser colocada no intestino atrav�s da parede abdominal no momento da gastrectomia. A extremidade desta sonda, denominada sonda de jejunostomia ou sonda J, permanece do lado de fora da pele do abdome. Dessa forma, a nutri��o l�quida pode ser administrada diretamente no intestino para prevenir e tratar a desnutri��o.

Retirada dos linfonodos

Em qualquer tipo de gastrectomia total ou subtotal, os linfonodos pr�ximos s�o removidos. A remo��o dos linfonodos � uma parte muito importante da cirurgia. Muitos m�dicos consideram que o sucesso da cirurgia est� diretamente relacionado � forma como os linfonodos s�o removidos.

Cirurgia paliativa para tumores irressec�veis

Para pacientes com c�ncer de est�mago inoper�veis, a cirurgia pode ser realizada para controlar a doen�a e prevenir ou aliviar os sintomas ou outras poss�veis complica��es:

  • Gastrectomia subtotal. Os pacientes com condi��es cl�nicas suficiente para a cirurgia t�m parte do est�mago retirada para tratar problemas, como sangramento, dor ou obstru��o g�strica, mesmo que n�o cure a doen�a. Como o objetivo deste procedimento n�o � curativo, os linfonodos pr�ximos e partes de outros �rg�os normalmente n�o s�o removidos.
     
  • Gastrojejusnostomia. Tumores localizados na parte inferior do est�mago podem eventualmente crescer o suficiente para bloquear a sa�da dos alimentos do est�mago. Para os pacientes com condi��es cl�nicas suficiente para a cirurgia, uma op��o para prevenir ou tratar essa obstru��o, � contornar a parte inferior do est�mago. Isso � feito fixando parte do intestino delgado (jejuno) na parte superior do est�mago, permitindo que o alimento saia do est�mago por essa nova liga��o.
     
  • Abla��o tumoral endosc�pica. No caso de pacientes sem condi��es cl�nicas suficientes para a cirurgia, pode ser inserido um endosc�pio para guiar um feixe de laser para destruir partes do tumor. Isso pode ser feito para parar sangramentos ou aliviar uma obstru��o, sem cirurgia.
     
  • Coloca��o de cateter. Outra op��o para evitar uma obstru��o g�strica � a coloca��o de uma sonda, com aux�lio de um endosc�pio. Isso manter� a passagem aberta permitindo a sa�da do alimento. Para tumores localizados na parte superior do est�mago, a sonda � colocada na jun��o do es�fago com o est�mago. E para tumores na parte inferior do est�mago, a sonda � colocada na jun��o do est�mago com o intestino delgado.
     
  • Posicionamento da sonda de alimenta��o. Alguns pacientes n�o conseguem se alimentar o suficiente para obter uma nutri��o adequada. Nestes casos, uma pequena cirurgia pode ser realizada para coloca��o da sonda de alimenta��o na parte distal do est�mago ou no intestino delgado, atrav�s da pele do abdome. A nutri��o l�quida poder� ser inserida diretamente pela sonda.

Poss�veis complica��es e efeitos colaterais

A cirurgia para c�ncer de est�mago � delicada e podem ocorrer complica��es, como sangramento cir�rgico, co�gulos sangu�neos e les�es aos �rg�os pr�ximos, durante o procedimento. Raramente, as novas liga��es efetuadas entre as extremidades do est�mago ou do es�fago e o intestino delgado podem vazar.

Voc� n�o poder� comer ou beber nada por alguns dias ap�s a gastrectomia total ou subtotal, para dar tempo ao trato digestivo de se restabelecer. Tamb�m para o m�dico se certificar de que n�o existe vazamentos decorrentes da cirurgia.

Ap�s a recupera��o da cirurgia alguns efeitos colaterais podem surgir, como n�useas, azia, dor abdominal e diarreia, especialmente ap�s as refei��es. Esses efeitos colaterais resultam do fato de que uma vez que parte ou totalidade do est�mago � removida, o alimento entra no intestino muito rapidamente ap�s a ingest�o. Esses efeitos colaterais, melhoram com o tempo, mas em alguns pacientes podem perdurar por um longo per�odo. Seu m�dico pode prescrever medicamentos para aliviar os sintomas desses efeitos colaterais.

Muitas vezes, � necess�rio fazer altera��es na dieta do paciente ap�s a gastrectomia parcial ou total. Mas, a maior mudan�a � que o paciente ter� que fazer refei��es menores e mais frequentes. A quantidade de est�mago removida afetar� o quanto ser� necess�rio alterar os h�bitos alimentares.

O est�mago ajuda o organismo a absorver algumas vitaminas, ent�o se partes do est�mago foram removidas, o m�dico prescrever� suplementos vitam�nicos.  

Antes da cirurgia, pergunte ao cirurgi�o quanto do est�mago ele tem a inten��o de remover. Alguns cirurgi�es tentam preservar o m�ximo poss�vel do est�mago para permitir aos pacientes uma alimenta��o o mais normal poss�vel. A desvantagem � que existe mais chances de uma recidiva da doen�a.

Para saber mais, consulte nosso conte�do sobre Cirurgia Oncol�gica.

Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenci�-los, consulte nosso conte�do Efeitos Colaterais do Tratamento.

Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 15/12/2017, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.

Como é feita a cirurgia de gastrectomia?

A gastrectomia é uma cirurgia realizada com o objetivo de retirar uma porção do estômago, ele por completo e, se necessário, algumas estruturas ao seu redor, como os linfonodos, partes do baço, do pâncreas e outros órgãos.

Para que é realizada a cirurgia de gastrectomia?

A gastrectomia é um procedimento de remoção total ou parcial do estômago, sendo indicado para o tratamento de condições que interferem na saúde do estômago, como tumores, úlceras e casos específicos de obesidade.

Quando a gastrectomia é indicada?

Quais são as indicações da gastrectomia? As indicações principais da gastrectomia são tratar a obesidade mórbida e naqueles diagnosticados com tumores malignos no estômago. Os pacientes obesos são tratados por meio da gastrectomia parcial quando outras medidas não surtiram efeito.

Quais as consequências de uma gastrectomia?

Uma das conseqüências da gastrectomia é a perda de peso. Está relacionada a redução da ingestão alimentar, a má absorção de nutrientes e pode ainda estar associada a progressão do câncer. São freqüentemente descritas anemias ferropriva e/ou megaloblástica associadas a perda de peso.